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Suspeito de irregularidades, rei emérito da Espanha volta ao país após dois anos de exílio

Juan Carlos 1˚, pai do rei Felipe 6˚, chegou à Espanha na tarde desta quinta-feira (19) para uma breve e criticada viagem, a primeira feita ao país desde que se exilou, há dois anos, em Abu Dhabi. O ex-monarca abdicou em meio a suspeitas de enriquecimento ilícito. 

O avião privado no qual viajava o ex-chefe de Estado pousou pouco depois das 19h locais (14h em Brasília) no aeroporto de Vigo, na Galícia, noroeste do país.
O avião privado no qual viajava o ex-chefe de Estado pousou pouco depois das 19h locais (14h em Brasília) no aeroporto de Vigo, na Galícia, noroeste do país. AP - Lalo R. Villar
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Embora todos os processos contra o rei emérito de 84 anos tenham sido arquivados, as revelações sobre a origem obscura de sua fortuna prejudicaram gravemente a imagem dele, apreciado até então pelo papel que desempenhou na transição democrática espanhola, nos anos 1970.

O avião privado no qual viajava o ex-chefe de Estado pousou pouco depois das 19h locais (14h em Brasília) no aeroporto de Vigo, na Galícia, noroeste do país. Juan Carlos de Borbón desceu lentamente a escada e foi recebido com um abraço por uma de suas filhas, a infanta Elena.

Agenda limitada

Ele seguiria para a localidade galega de Sanxenxo (noroeste) e que sedia neste fim de semana uma regata de vela da qual participa o barco que o ex-monarca costumava capitanear, o "Bribón".

Na segunda-feira (23), Juan Carlos 1˚ viajará a Madri para encontrar a esposa, Sofia, o filho Felipe VI e sua família, antes de voltar para Abu Dhabi, onde se instalou em agosto de 2020. O retorno do ex-monarca à Espanha causa polêmica, em especial no meio político.

Embora o primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, tenha mantido a discrição sobre a viagem, a imprensa espanhola afirma que ele não teria concordado com que Juan Carlos 1˚ passasse a noite no Palácio da Zarzuela de Madrid, por ser uma residência oficial.

Monarquia abalada

Personagem-chave da Espanha no século 20, Juan Carlos 1˚, que abdicou em favor do filho em 2014, gozou por décadas de grande popularidade, ao liderar o país para a democracia após a morte do ditador Francisco Franco, em 1975, e frear um golpe de Estado. Porém, saiu tão desgastado de diversos escândalos que foi obrigado a deixar o país.

Em março passado, ele anunciou a intenção de continuar morando em Abu Dhabi, mesmo depois de o Ministério Público arquivar as investigações judiciais das quais era alvo. Juan Carlos 1˚, entretanto, se disse disposto a "considerar" um retorno à Espanha, que ocorrerá neste fim de semana.

O rei emérito foi alvo de três investigações judiciais na Espanha, todas arquivadas, pois não permitiam "exercitar ação penal alguma", apontou a Procuradoria em 2 de março. A mais importante das três investigações visava a determinar se ele tinha cobrado comissões pela atribuição a duas empresas espanholas de um contrato para a construção de um trem de alta velocidade entre Meca e Medina, na Arábia Saudita, em 2011.

Em 2008, uma transferência de US$ 100 milhões pelo rei saudita a uma conta suíça da qual Juan Carlos era beneficiário esteve no centro desta primeira investigação.

A Procuradoria concluiu que se tratou "de um presente" recebido por Juan Carlos da monarquia saudita, o que poderia ter implicado num crime de “suborno" – mas que, de toda a forma, já prescreveu.

As outras investigações se referiam ao possível uso pelo rei emérito de cartões de crédito vinculados a contas bancárias em nome de um empresário mexicano e um coronel da aeronáutica, e buscava apurar um possível truste vinculado a Juan Carlos na ilha de Jersey, considerado um paraíso fiscal.

Com informações da AFP

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