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U2 homenageia vítimas do 'Domingo Sangrento' 50 anos após massacre na Irlanda do Norte

Cinquenta anos depois da morte de manifestantes na Irlanda do Norte durante uma ação de soldados, uma passeata homenageou as vítimas do "Domingo Sangrento", um dos dias mais sombrios da história recente do Reino Unido. O grupo U2 homenageou as vítimas do episódio, ao publicar nas redes sociais uma versão acústica de seu sucesso, "Sunday Bloody Sunday".

Manifestantes nas ruas de Londonderry (ou Derry para parte dos irlandenses) saem às ruas no 50° aniversário do 'Domingo Sangrento'
Manifestantes nas ruas de Londonderry (ou Derry para parte dos irlandenses) saem às ruas no 50° aniversário do 'Domingo Sangrento' AP - Peter Morrison
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Há exatamente 50 anos, 13 manifestantes foram mortos em uma ação de soldados durante uma manifestação pacífica pelos direitos civis em Londonderry, a segunda maior cidade da Irlanda do Norte. Na época, o 'Bloody Sunday' ("Domingo Sangrento") levou muitos jovens católicos a integrar o IRA (Exército Republicano Irlandês), um grupo paramilitar contrário à presença dos britânicos na ilha da Irlanda, alimentando um conflito sangrento que durou três décadas e deixou 3.500 mortos.

Meio século depois, uma série de eventos foram organizados neste domingo (30) para marcar a data. O primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, tornou-se o primeiro líder da República da Irlanda a participar da cerimônia oficial. Ele e seu ministro das Relações Exteriores, Simon Coveney, depositaram flores em um memorial.

Outra manifestação foi convocada durante a tarde nas ruas de Derry – nome que os habitantes preferem, em vez do nome oficial de Londonderry, que consideram um sinal da dominação britânica –, para coincidir com o horário em que os paraquedistas do primeiro batalhão abriram fogo contra os manifestantes católicos.

O grupo U2 também homenageou as vítimas, ao publicar nas redes sociais uma versão acústica de seu sucesso, "Sundat Bloody Sunday". No vídeo em preto e branco a canção é interpretada pelos irlandeses Bono, vocalista, e The Edge, na guitarra.

Imagens impactantes da época encerram a gravação. Nelas, vê-se o padre Edward Daly acenando um lenço branco manchado de sangue para abrir caminho a um grupo de pessoas que leva John Duddy. O boxeador, então com 17 anos, não sobreviveu, e é considerado o primeiro morto do "Domingo Sangrento".

Mesmo se um acordo de Paz foi assinado em 1998, apenas em 2010 houve um reconhecimento oficial da inocência das vítimas: algumas foram baleadas nas costas ou quando estavam deitadas no chão, enquanto acenavam com um lenço branco. No entanto, nenhum soldado foi punido pelo "Domingo Sangrento".

"O processo completo e a justiça dos tribunais devem ser implementados", afirmou o primeiro-ministro irlandês à imprensa após um encontro privado com parentes das vítimas.

Brexit relançou tensões

Nos últimos meses, as consequências do Brexit relançaram os debates sobre a autonomia da ilha e evidenciaram o frágil equilíbrio estabelecido pelo acordo de paz de 1998. Os controversos dispositivos alfandegários para evitar uma nova fronteira terrestre com a Irlanda – mas que estabelecem uma fronteira marítima de fato com a Grã-Bretanha – estão sendo negociados atualmente entre Londres e Bruxelas.

As tensões comunitárias também aumentaram: durante distúrbios em Belfast no ano passado, os "muros da paz" que separam os bairros católicos e protestantes foram incendiados.

As eleições locais de maio serão decisivas para o delicado equilíbrio político instaurado. Com um retrocesso dos unionistas (favoráveis à permanência no Reino Unido), uma vitória dos republicanos parece factível. O Sinn Fein, que já foi o braço político do IRA, deseja a convocação de um referendo em um prazo de cinco anos sobre a reunificação da ilha.

(Com informações da AFP)

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