Cúpula reúne mais de 40 países na Ucrânia para condenar anexação da Crimeia
Os encontros diplomáticos sobre a península anexada pela Rússia em 2014 se multiplicam na Ucrânia. Nesta segunda-feira (23), será inaugurada no país a "Plataforma Crimeia", nome da primeira grande cúpula internacional que visa abordar a difícil questão da desocupação pelos russos da região. Representantes de mais de quarenta países participam em Kiev do encontro, que desagrada ao Kremlin.
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Com informações do correspondente da RFI em Kiev, Stéphane Siohan
A "Plataforma Crimeia" vai reunir nesta segunda-feira na capital ucraniana representantes de cerda de 45 países. Para o ministro da Relações Exteriores da Ucrânia, o objetivo da cúpula é criar um órgão consultivo com todos os Estados que condenam a anexação da Crimeia pela Rússia. O chanceler Dmytro Kuleba espera ainda costurar uma declaração conjunta que serviria de base jurídica a um retorno da península à soberania ucraniana, em respeito ao direito internacional.
Segundo os organizadores do encontro, esta é a primeira iniciativa internacional contrária a uma anexação territorial desde a Segunda Guerra Mundial. Além da questão sobre a soberania do território, as discussões devem abordar igualmente a repressão atual contra a população tártara da Crimeia, assim como o bloqueio marítimo no mar de Azov, e até no mar Negro, imposto de fato pela Federação da Rússia.
Reação de Moscou
A iniciativa irritou profundamente o Kremlin. Moscou não hesitou em pressionar vários países a não integrar a "Plataforma Crimeia". Em consequência, o Azerbaijão que normalmente tem boas relações com a Ucrânia, desistiu no último minuto de participar da cúpula.
A Rússia ocupou a Crimeia em março de 2014, após um referendo contestado. A anexação do território ao sul da Ucrânia foi considerada ilegal e ilegítima pela União Europeia e países ocidentais. Ela deu início a uma guerra com os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.
Bloqueio de sites russos de informação
As relações entre os dois países passam por seu pior momento desde a anexação da Crimeia. Antes da abertura da cúpula, Kiev ordenou o bloqueio do acesso a vários sites russos de informação, incluindo o jornal econômico Vedomosti, o jornal popular Moskovski Komsomolets, assim como vários sites ligados aos separatistas pró-russos no leste ucraniano. A medida integra uma nova série de sanções contra o país vizinho, decretadas pelo presidente Volodymyr Zelensky nesse domingo (22).
A decisão gerou protestos na Rússia nesta segunda-feira, véspera dos 30 anos de independência da Ucrânia da ex-União Soviética. Citado pela agência de notícias Ria Novosti, o chefe do Sindicato dos Jornalistas Russos, Vladimir Soloviev denunciou uma violação da liberdade de expressão e uma "limpeza" dos meios de comunicação russos na Ucrânia.
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