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Alemanha: Inundações deixam dezenas de mortos na pior catástrofe natural em 20 anos

O balanço de mortos em decorrência das fortes chuvas e inundações que atingem a Alemanha subiu para 42 pessoas. Os estados de Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado são os mais afetados. Os temporais também causaram mortes e danos na Bélgica, em Luxemburgo e na Holanda.

Vista aérea do centro de Hagen, na região oeste da Alemanha, inundado após as chuvas torrenciais dos últimos dias, especialmente na quarta-feira, 14 de julho.
Vista aérea do centro de Hagen, na região oeste da Alemanha, inundado após as chuvas torrenciais dos últimos dias, especialmente na quarta-feira, 14 de julho. AFP - INA FASSBENDER
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A Alemanha registra a mais grave catástrofe natural em duas décadas. A dois meses e meio as eleições legislativas nacionais, vários candidatos, inclusive o conservador Armin Laschet, do mesmo partido da chanceler Angela Merkel, atribuíram as tempestades às mudanças climáticas.  

Segundo um novo balanço divulgado nesta quinta-feira (15), apenas na localidade de Ahrweiler, na Renânia-Palatinado, 18 pessoas morreram devido às enchentes. Os temporais provocaram o aumento no volume de rios e riachos, inundaram estradas e arrancaram árvores. Várias casas desabaram ou foram arrastadas pelas águas.

O balanço de vítimas tende a crescer. A polícia estima que de 50 a 60 pessoas estejam desaparecidas. Os serviços de emergência abriram uma linha telefônica para coletar informações sobre os desaparecidos e pediram aos moradores que enviem vídeos e fotos que possam ajudá-los nas buscas.

"A tempestade atingiu duramente nosso Estado", disse a ministra-presidente da Renânia-Palatinado, Malu Dreyer, no Twitter. "Estou preocupada com todos aqueles que estão em perigo", afirmou a social-democrata, que agradeceu "a todos os voluntários, bombeiros e socorristas que lutam incansavelmente e com grande esforço contra as enchentes".

Na mesma região, em Schuld, ao sul de Bonn, seis casas localizadas às margens de um rio desabaram e foram arrastadas pelas águas. As autoridades pedem aos moradores que fiquem em casa, se possível, e aguardem por socorro nos andares superiores dos imóveis".

Armin Laschet, atual líder da CDU e candidato à sucessão de Merkel, cancelou uma reunião na Baviera para administrar a situação em seu estado, Renânia do Norte-Vestfália, o mais populoso do país. Ele visitou áreas afetadas pelas enchentes e disse que a situação era "alarmante".

Na Renânia do Norte-Vestfália, dois bombeiros perderam a vida durante operações de resgate nas cidades de Altena e Wedohl. Outras duas pessoas morreram em porões inundados nas proximidades de Solingen e Unna. A polícia relatou outra morte no município de Rheinbach.

Em 2016, a Alemanha registrou inundações consideradas extremas, mas nada que se compare ao visto nas últimas horas, disse o chefe-adjunto dos bombeiros de Mayen.   

O Exército alemão foi chamado para participar das operações de resgate, com o envio de 300 soldados às regiões mais afetadas.

Em Stolberg, perto de Aix-la-Chapelle, a polícia interveio para controlar tentativas de saques a lojas.

Merkel declara estar "chocada" com as enchentes

A chanceler Angela Merkel, que inicia hoje uma visita oficial aos Estados Unidos, disse estar "chocada" com a força dos temporais no país. "Estou chocada com esta catástrofe sofrida por tantas pessoas nas zonas inundadas. Minha solidariedade para com as famílias dos mortos e desaparecidos", tuitou o porta-voz Steffen Seibert, em nome da chanceler. 

Na manhã desta quinta-feira, 135 mil domicílios estavam sem eletricidade no país. O corte de energia levou as autoridades a evacuar 500 pacientes de uma clínica médica em Leverkusen. 

O ministro das Finanças e candidato social-democrata à chancelaria, Olaf Scholz, informou que visitará as áreas afetadas para avaliar os prejuízos e liberar as verbas federais previstas. Já a candidata dos verdes, Annalena Baerbock, decidiu interromper suas férias para acompanhar os trabalhos de resgate.

Os políticos alemães se mostram mobilizados ao lado das vítimas porque esta catástrofe natural lembra as inundações ocorridas durante o verão de 2002, pouco antes das eleições gerais naquele ano. O chanceler Gerhard Schroder, que estava ameaçado de acordo com as pesquisas, acabou sendo reeleito pela boa gestão da crise, derrotando os conservadores que apostavam na vitória.

"Esses caprichos meteorológicos extremos são consequências das mudanças climáticas", disse o ministro do Interior, Horst Seehofer, para quem a Alemanha deve "se preparar muito melhor".

“Isso significa que devemos acelerar as medidas de proteção do clima – em nível europeu, nacional e global”, acrescentou Armin Laschet, que está à frente dos verdes nas pesquisas.

Pelo menos seis mortos na Bélgica

Quatro corpos foram encontrados nesta quinta-feira por bombeiros que socorreram vítimas das enchentes em Verviers, no leste da Bélgica.

De acordo com o canal belga RTBF, as inundações provocadas pelas chuvas torrenciais dos últimos dias já deixaram seis mortos no país, em particular na região da Valônia (de língua francesa). As cidades de Theux, Pepinster e Spa, todas localizadas perto de Verviers, foram as mais afetadas. 

O Exército belga foi convocado para participar dos esforços de socorro, principalmente nas numerosas evacuações. Desde quarta-feira, foram disponibilizadas barracas para realocar os residentes de Spa, cidade termal submersa pelas águas. 

Em Luxemburgo, que faz fronteira com a Alemanha, "muitas casas estão inundadas e não são mais habitáveis" em todo o país, informaram autoridades locais. Os habitantes foram evacuados para abrigos de emergência.

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