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Presidência da União Europeia é chance de Merkel deixar legado histórico no bloco

A Alemanha iniciou nesta quarta-feira (1°) a presidência rotativa da União Europeia (UE), com desafios enormes em plena pandemia de coronavírus e com a esperança, para a chanceler Angela Merkel, de conseguir deixar uma marca perene na história do bloco. Salvo reviravolta, Merkel deve deixar o cargo de chanceler no fim do ano que vem, depois de 15 anos no posto – um recorde para um dirigente na Europa.

Chanceler alemã, Angela Merkel, tem a chance de encerrar o governo com marcas históricas na União Europeia. (29/06/2020)
Chanceler alemã, Angela Merkel, tem a chance de encerrar o governo com marcas históricas na União Europeia. (29/06/2020) Hayoung JEON / POOL / AFP
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A líder e sua equipe prepararam durante meses esta presidência europeia, vista como uma das últimas oportunidades para que a dirigente alemã brilhe na cena internacional antes de sua retirada política. Fazia 13 anos que a Alemanha não presidia o bloco.

Se, antes da pandemia de coronavírus, a consolidação do Brexit já trazia responsabilidades históricas para a gestão de Berlim, ao lado de temas-chave como o Green Deal europeu contra as mudanças climáticas e o eterno gargalo da imigração, agora a Covid-19 e suas duras consequências econômicas tornaram a missão mais árdua.

Ainda ameaçada por uma segunda onda de contágios, a União Europeia enfrenta "desafios econômicos nunca vistos em décadas", disse a chanceler na segunda-feira (29), em um encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron. "As expectativas que pesam sobre nossos ombros são muito altas", reconheceu, temendo um novo impulso dos populistas pela falta de "solidariedade" entre os países europeus.

Angela Merkel e presidente francês, Emmanuel Macron, se encontraram em  Meseberg nesta terça-feira (30).
Angela Merkel e presidente francês, Emmanuel Macron, se encontraram em Meseberg nesta terça-feira (30). POOL/AFP

Desafio número 1: plano inédito de ajuda econômica aos mais atingidos pela Covid

Nesse sentido, o futuro do acordo inédito de ajuda financeira para os países mais atingidos pela pandemia, obtido pela Comissão Europeia em maio, é peça crucial para o legado da presidência alemã. O Fundo de Recuperação Pós-Covid-19 chega a € 750 bilhões, dos quais um terço será oferecido em empréstimos e o restante, € 500 bilhões, em subvenções. Na prática, significa transferência de recursos para as economias mais debilitadas pela pandemia.

Se for definitivamente adotado pelos países-membros da UE, será a primeira vez que o bloco assumirá uma dívida comum para salvar parceiros – uma mudança que representa, em suma, uma metamorfose da própria Merkel sobre a questão. A chanceler tem uma oportunidade única de fazer história e de apagar a imagem ruim deixada por sua ortodoxia orçamentária durante a crise da Grécia, de 2010.

Noites de insônia

Diante da avalanche de problemas, o embaixador alemão na UE, Michael Clauss, reconheceu que está tendo noites de insônia: "É difícil dormir, porque acho que as expectativas são altas”. Já o Handelsblatt, jornal alemão especializado em economia, não poupou elogios ao país que assumirá as rédeas do bloco neste momento tão delicado:  "um país, cuja economia (ainda) é a mais forte da União Europeia, que enfrentou a pandemia melhor do que muitos outros (pelo menos até agora) e dirigido por um governo estável, em um continente em turbulência", resumiu.

Na terça à noite, o começo da presidência foi marcado simbolicamente pela projeção, no mítico Portão de Brandeburgo de Berlim, do slogan "Todos juntos para relançar a Europa". A frase apareceu inscrita em vários idiomas.

Na prática, a presidência alemã começará com uma importante cúpula de líderes europeus em 17 e 18 de julho, em Bruxelas. Na reunião, se iniciarão as negociações entre os chefes de Estado e de Governo dos 27 países pacote de estímulo econômico. Os mais refratários à proposta são os chamados “frugais”, grupo adepto da austeridade econômica e formado por Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca.

Outra negociação espinhosa que permanece sob a mesa é a do Brexit. O Reino Unido formalizou a saída da União Europeia em 31 de janeiro, mas as regras europeias permanecem em vigor numa fase de transição que vai até 31 de dezembro. Os dois lados precisam encontrar um entendimento sobre como irão se relacionar depois deste prazo.

Em caso de fracasso, prevalecerão apenas as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que pressupõem altas taxas alfandegárias e fiscalização reforçada dos produtos comercializados entre ambos – uma solução que não agrada ninguém.

(Com informações da AFP)

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