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Ongs alertam para aumento de práticas ilegais contra imigrantes na fronteira entre Grécia e Turquia

Ongs de defesa de direitos de imigrantes e refugiados se preocupam com o aumento de práticas ilegais e a presença de comandos exteriores à polícia grega nas fronteiras europeias. Imigrantes que tentavam chegar à Grécia dizem ter sido enviados de volta para a Turquia por homens armados e mascarados.

Criança em um campo de refugiados e imigrantes em Moria, na ilha de Lesbos, na Grécia, em 02 de abril de 2020.
Criança em um campo de refugiados e imigrantes em Moria, na ilha de Lesbos, na Grécia, em 02 de abril de 2020. REUTERS / Elias Marcou
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O jornal Libération desta terça-feira traz relatos de imigrantes coletados por redes de Ongs que atuam nas fronteiras europeias com a Turquia, como a Border Monitoring Violence Network, que investiga violências contra refugiados e imigrantes.

O jornal conta a história de um imigrante de origem marroquina de 31 anos que no começo de maio atravessou a fronteira terrestre entre a Turquia e a Grécia. No dia de sua chegada, ele foi atropelado e hospitalizado na cidade grega de Xanti. Dias depois, ele foi levado a uma delegacia e de lá encaminhado para um lugar isolado, protegido por cercas de arame farpado e homens armados usando máscaras.

No local, estavam detidas quase cem pessoas de nacionalidade síria, iraquiana e de países do norte da África, sobretudo homens, mas também algumas mulheres e crianças. Os refugiados tiveram que embarcar em caminhões e foram conduzidos à fronteira pelo rio Evros e de lá, sob ameaças de homens mascarados e armados, tiveram que atravessar para o lado turco de barco.

Push back

Estes reenvios forçados, chamados de push back, apesar de ilegais, são cada vez mais utilizados nas fronteiras europeias. Segundo o jornal, essa prática desmascara a realidade de uma nova guerra que acontece de maneira secreta, onde todos os golpes contra o direito de Asilo da Comissão Europeia de direitos Humanos são permitidos. 

Mesmo que a prática seja antiga, o push back toma dimensões maiores, segundo representantes das redes de Ongs entrevistados por Libération. Essas organizações se preocupam com a presença de pessoal usando máscaras e armados que, segundo testemunhas, não são gregos. As Ongs desconfiam da participação da polícia de fronteiras europeia, a Frontex, criada em 2004, que vem aumentando sua presença na fronteira com a Grécia.

Crise entre Turquia e Europa

A atual crise humanitária começou em fevereiro com a ofensiva surpresa do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que abriu as fronteiras de seu país para deixar passar todos os imigrantes e refugiados que queriam chegar à Europa, utilizando, de acordo com Liberation, “cinicamente seres humanos como armas” para fazer pressão sobre a união europeia. Nas fronteiras orientais do bloco o ambiente é tenso porque a Grécia foi designada como escudo da Europa.

Para evitar a chegada de novos refugiados e imigrantes às costas gregas, uma verdadeira “batalha naval” é travada e embarcações com imigrantes chegam a passar dias sendo empurradas de um lado para o outro da fronteira. Isso agrava ainda mais a situação sanitária das pessoas que tentam alcançar as fronteiras europeias, já bastante crítica devido à pandemia do novo coronavírus.

 

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