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Construtora instala último trecho na nova ponte de Gênova quase dois anos após desastre

A instalação nesta terça-feira (28) do último trecho da nova ponte de Gênova, reconstruída após o colapso do viaduto que desabou em 2018, traz um pouco de conforto aos italianos em meio à pandemia de Covid-19. O desastre viário deixou 43 mortos.

Instalação do último trecho (44 metros) da nova ponte de Gênova. 28/04/2020
Instalação do último trecho (44 metros) da nova ponte de Gênova. 28/04/2020 AFP - MARCO BERTORELLO
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Apesar do confinamento imposto desde 10 de março por causa do novo coronavírus, a construção do edifício continuou dia e noite na cidade portuária da costa noroeste do país. Os italianos estão abalados com a morte de 27 mil pessoas desde o início da epidemia do novo coronavírus, mas acompanham a fase final das obras da ponte como um recomeço.

As sirenes do porto tocaram ao meio-dia quando o último trecho da ponte foi alçado na presença de várias autoridades, incluindo o chefe de governo, Giuseppe Conte. "Hoje, um brilho vindo de Gênova dá esperança para toda a Itália", disse. A nova ponte "é um local simbólico (...), é uma construção feita pela Itália que sabe se levantar, arregaçar as mangas, que não se deixa abater nem se entrega", acrescentou Conte.

A instalação da última parte do viaduto de aproximadamente um quilômetro de extensão, suspenso sobre uma área ocupada, começou na segunda-feira (27) à tarde e terminou na manhã desta terça-feira (28).

Eventual abertura no final de julho

Esta etapa tão aguardada pelos engenheiros não marca, entretanto, o fim do projeto. A ponte ainda deve ser pavimentada, e também estão previstos a instalação de painéis solares e placas de proteção transparentes contra o vento. Depois virá a fase de testes.

"Esperamos ver os primeiros veículos atravessando a ponte até o final de julho", disse Pietro Salini, chefe da construtora Salini Impregilo, que construiu a ponte com a subsidiária de engenharia do grupo naval Fincantieri.

Em 14 de agosto de 2018, após um forte temporal na região, a ponte da rodovia Morandi, em homenagem ao engenheiro que a projetou, um eixo estratégico para o comércio com a França, mas também para viagens locais, desabou parcialmente. Carros e caminhões que passavam pelo local caíram de uma altura de dezenas de metros. Entre as 43 vítimas, havia quatro crianças. O desastre aconteceu em meio às férias de verão, período da alta temporada na Europa. Várias vítimas estavam saindo ou retornando das férias.

Inaugurada em 1967, a ponte enfrentava sérios problemas estruturais que exigiam obras de manutenção dispendiosas para a concessionária que administrava a rodovia. Seu colapso em uma via férrea trouxe à luz o estado de degradação de várias infraestruturas não apenas na Itália, mas também em outros países do bloco europeu.

A nova ponte foi projetada pelo renomado arquiteto Renzo Piano, natural de Gênova, que assina, entre outras construções, o Centro Georges Pompidou e o novo Palácio da Justiça, ambos em Paris, e a Tower The Shard, em Londres. A estrutura, branca e aerodinâmica, deve ter a forma do casco de um barco, uma homenagem à história marítima da cidade. O viaduto contará com 43 postes de iluminação, o número de pessoas que morreram no desastre.

Batalha judicial

A batalha judicial sobre a catástrofe tramita na Justiça italiana, que já reuniu toneladas de documentos e provas materiais. A concessionária Autostrade per l'Italia (Aspi), pertencente à família Benetton, é a principal acusada, pois administrava o viaduto. Do outro lado, estão as famílias das vítimas e vários líderes políticos que consideram o colapso como o resultado da manutenção deficitária da ponte. Eles acusam a Aspi de negligenciar a segurança.

"A ponte de Morandi (...) entrou em colapso porque não conseguia mais ficar em pé", resumiu em agosto de 2019 o promotor de Gênova, Francesco Cozzi.

O processo será longo. Ao todo, 74 pessoas são investigadas, incluindo gerentes de empresas do grupo Benetton e diretores de vários órgãos da administração pública italiana. Uma centena de advogados e 120 peritos atuam no caso. Setenta e cinco testemunhas foram arroladas até o momento.

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