Feministas protestam contra congresso de ultraconservadores na Itália
O congresso mundial da família tradicional, em Verona, no nordeste da Itália, foi marcado, neste sábado (30), por uma manifestação dos movimentos feministas contra esta reunião de militantes ultraconservadores.
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Uma marcha de milhares de pessoas, a maioria mulheres, vindas da Itália e de vários países europeus, partiu no início da tarde do centro da cidade para denunciar as teses defendidas pelos congressistas, bem como a campanha anti-aborto lançada por ocasião do evento que divide a coalizão no poder na Itália, formada pela Liga (extrema direita) e pelo Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema).
Por iniciativa do movimento feminista "Non una di Meno" ("Nenhuma a Menos"), um flash mob aconteceu pela manhã perto do prédio onde os debates estão acontecendo. O edifício está cercado por uma grande força policial para evitar possíveis confrontos.
Bella Ciao
Os militantes cantaram "Bella Ciao" (a canção dos combatentes da resistência italiana durante a Segunda Guerra Mundial) com uma faixa dizendo: "Sobre nossos corpos e nossos desejos, somos nós que decidimos".
O ministro do Interior e chefe da Liga, Matteo Salvini, deve se pronunciar no Congresso neste sábado, dia também marcado pelo lançamento de um comitê exigindo um referendo para revogar a lei conhecida como "194", que legalizou o aborto na Itália em 1978.
"Pedimos que toda a lei seja aplicada, incluindo os primeiros artigos, aqueles que nunca são aplicados e que garantam que uma mulher pode realmente escolher dar à luz a seu filho", disse à imprensa Filippo Savarese, presidente para a Itália do Citizen Go, um movimento que milita contra o aborto, a eutanásia e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Inaugurado em 1997 pelo americano Brian Brown, presidente da Organização Internacional da Família, o congresso mundial reúne anualmente desde 2012 defensores da família tradicional.
Seu lema é "afirmar, celebrar e defender a família natural como a única unidade fundamental e sustentável da sociedade".
As edições anteriores aconteceram no ano passado na Moldávia, sob o patrocínio do presidente da República da Moldávia, Igor Dodon, presente em Verona, e em 2017, em Budapeste, com a participação do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.
Polêmica
A escolha da Itália este ano, no entanto, provocou polêmica, inclusive dentro do governo.
Sob pressão, a presidência do Conselho de Ministros retirou seu patrocínio, concedido, porém, pelo Ministério da Família, liderado por Lorenzo Fontana, membro da Liga (extrema direita) e ardente defensor da família tradicional.
E enquanto Matteo Salvini, que também é vice-presidente do Conselho Italiano, expressou apoio às famílias "compostas de pai e mãe", seu homólogo no governo Luigi Di Maio claramente se distanciou.
"A visão defendida por este Congresso em Verona é uma visão do mundo substancialmente pertencente à Idade Média, que considera a mulher como submissa", disse Di Maio, líder do Movimento 5 Estrelas.
Este ano, os temas para os debates se concentram na "beleza do casamento", "direitos das crianças", "mulheres na História", "crescimento e declínio demográfico", bem como a "defesa legal da vida".
(Com informações da AFP)
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