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Rússia/Ucrânia

Putin e Poroshenko tentam recuperar popularidade com confronto naval

A disputa naval que teve início esta semana entre Moscou e Kiev no Mar de Azov vai muito além de um confronto geopolítico. O episódio também oculta interesses internos de Vladimir Putin e Petro Poroshenko. Os presidentes dos dois países, que sofrem atualmente com uma importante queda de popularidade, esperam melhorar sua imagem junta à população.

Os presidentes Vladimir Putin e Petro Poroshenko sofrem com queda de popularidade.
Os presidentes Vladimir Putin e Petro Poroshenko sofrem com queda de popularidade. Sputnik/Alexei Druzhinin/Kremlin via REUTERS/Valentyn Ogirenko
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Se Putin beneficiava há anos de altos índices de popularidade, o líder do Kremlin tem sido alvo de fortes críticas em razão dos problemas econômicos e dos protestos contra sua contestada reforma do sistema de aposentadoria. Segundo uma pesquisa divulgada pelo Centro Levada, um dos poucos institutos independentes do país, apenas 40% dos russos estariam dispostos a votar novamente em Putin, mesmo se o chefe de Estado foi reeleito para um quarto mandato em março, já no primeiro turno, com 77% dos votos. Além disso, 61% dos entrevistados acreditam que o presidente seria o responsável direto pelos problemas atuais do país.

“Desviar a atenção é vantajoso para o governo nesse momento”, explicou o analista Konstantin Kalatchev. Segundo ele, um novo conflito com a Ucrânia, adubado pelo fervor nacionalista que esse confronto naval suscita, faz que com as pessoas esqueçam do resto. “Basta dar uma olhada nas conversas nas redes sociais, onde gritos patrióticos ou slogans anti-Ucrânia ganham cada vez mais espaço”, avalia.

Ucrânia terá eleição presidencial em março

A situação do presidente ucraniano não é muito diferente, mesmo se no caso de Poroshenko melhorar sua imagem é bem mais urgente. Reeleito em 2014 também no primeiro turno, após uma série de protestos pró-europeus, ele tenta se reeleger no dia 31 de março, mas por enquanto está entre o terceiro e o quarto lugar nas pesquisas, com cerca de 10% das intenções de voto.

O líder ucraniano é alvo de fortes críticas. A população contesta sua gestão da anexação da Crimeia, seguida de uma guerra com separatistas que fez 10 mil mortos, além da situação econômica preocupante e das impopulares medidas de austeridade impostas por Kiev.

Nesse contexto, o confronto naval com a Rússia também ajuda Poroshenko, que conseguiu impor na segunda-feira (26) a Lei Marcial no país. De acordo com o especialista em política ucraniana Oleksandre Medvedev, a medida pode fazer com que o presidente conquiste até 10% nas intenções de voto, ultrapassando a ex-primeira-ministra Iúlia Timochenko, que aparece como favorita na corrida presidencial ucraniana. Segundo o analista, Poroshenko se posiciona como um verdadeiro chefe de guerra, ouvido pela população. “E todo o resto, inclusive os problemas econômicos, ficam em segundo plano, pois o medo de uma guerra apaga as demais preocupações”.

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