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Merkel fica isolada após encontro de ministro do Interior alemão e chanceler austríaco

O chanceler austríaco da extrema-direita Sebastian Kurz visitou a Alemanha na quarta-feira (13) para se reunir com Horst Seehofer, o conservador ministro do Interior de Angela Merkel. No fim do encontro, que não teve a participação da chanceler alemã, foi anunciada a criação de uma parceria entre Berlim, Viena e Roma para lutar contra a imigração ilegal.

O ministro do Interior alemão Horst Seehofer, à direita, e o chanceler austríaco Sebastian Kurz, à esquerda
O ministro do Interior alemão Horst Seehofer, à direita, e o chanceler austríaco Sebastian Kurz, à esquerda REUTERS/Joachim Herrmann
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Nathalie Versieux, correspondente da RFI em Berlim

Sebastian Kurz, que assumirá a presidência da Áustria no dia 1° de julho, esteve em Berlim, onde abordou o assunto de uma luta contra a imigração ilegal na União Europeia. A parceria proposta entre os três países é resultado da união de políticos que flertam com a extrema-direita.

A Áustria já se disse favorável à criação de centros de reagrupamentos fechados onde os refugiados que aguardam uma resposta quanto ao asilo político permaneceriam enquanto as autoridades analisariam seus dossiês – ideia que agrada o ministro do Interior alemão. Esses “centros” devem ficar fora da União Europeia, para Kurz, e a imprensa alemã levanta a hipótese de que eles seriam desenvolvidos em ilhas inóspitas da Grécia ou da Albânia.

“Os refugiados ficariam protegidos, mas não se beneficiariam das vantagens da Europa ocidental”, defende Sebastian Kurz, que afirma querer agir “antes de uma catástrofe”, fazendo alusão à chegada de centenas de migrantes na Europa em 2015.

Por onde anda Angela Merkel?

Angela Merkel modificou seu discurso desde 2015: ela se diz atualmente favorável a uma limitação da imigração. Sobretudo após o sucesso do partido de extrema-direia AfD nas eleições legislativa de setembro passado.

A reunião entre o ministro do Interior alemão e o chanceler austríaco enfraquece a posição de Merkel no debate, que rejeita toda e qualquer iniciativa bilateral, como a empreendida por Kurz e Seehofer. O problema é que a chanceler alemã, que pretende assinar um acordo europeu sobre as migrações até o fim de junho, parece menos à vontade com esse assunto do que os segmentos da extrema-direita na Alemanha.

O clima de desentendimento é forte entre Merkel e seu ministro do Interior, que nunca foram muitos próximos. Seehofer, que devia apresentar um “masterplan migração” na terça-feira (12), anulou o compromisso organizado por sua chefia alegando “motivos maiores”.

Os jornais alemães falam de “isolamento” de Angela Merkel. O diário Spiegel diz que “a pressão de uma parte da imprensa popular e a agitação permanente mantida pelo AfD contra a política migratória na Alemanha [...] explicam porque alguns deputados querem ver o país aumentar sua rigidez em relação à imigração.”.

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