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Cambridge Analytica teria tido papel crucial no Brexit, diz ex-diretor de pesquisa

A empresa Cambridge Analytica (CA), acusada de usar os dados privados de 50 milhões de usuários do Facebook para fins políticos, desempenhou um "papel crucial" no Brexit denunciou Christopher Wylie, ex-diretor de pesquisa da CA.

Ex-diretor de pesquisa da Cambridge Analytica, Christopher Wylie, diz que Brexit não teria acontecido sem a ajuda da empresa.
Ex-diretor de pesquisa da Cambridge Analytica, Christopher Wylie, diz que Brexit não teria acontecido sem a ajuda da empresa. REUTERS/Toby Melville
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Durante depoimento nesta terça-feira (27) perante a comissão parlamentar britânica, que investiga "notícias falsas", Wylie afirmou que "pode-se dizer razoavelmente que o resultado do referendo teria sido diferente", sem o envovimento da CA e da AggregateIQ (AIQ), uma empresa canadense ligada à Cambridge Analytica.

Wylie disse ainda que estava "absolutamente" convencido de que a AIQ utilizou o banco de dados da Cambridge Analytica durante a campanha. Ele também disse que AIQ desempenhou um importante papel na campanha presidencial de 2015 na Nigéria, disseminando informações e vídeos comprometedores para intimidar os defensores do candidato presidencial Muhammadu Buhari.

"Esta é uma empresa que desempenha um papel chave na política", afirmou Wylie antes de recomendar que a comissão "pressionasse as autoridades e apoiasse a investigação desta empresa."

O ex-diretor, que trabalhou cerca de um ano e meio para a SCL, proprietária da Cambridge Analytica, explicou que a SCL se envolve nas eleições de países emergentes em uma espécie de "colonialismo dos tempos modernos".

Comissão quer entrevistar Zuckerberg

Enquanto isso, a Comissão Europeia e a comissão parlamentar britânica exigiram nesta terça-feira (27) que Mark Zuckerberg, dono do Facebook, dê explicações sobre o uso de dados da rede social, mas o empresário americano resiste a ir pessoalmente a Londres.

Em uma carta, a diretora de políticas públicas do Facebook na Grã-Bretanha, Rebecca Stminson, afirmou que "Zuckerberg pediu pessoalmente a um de seus adjuntos que se colocasse à disposição para dar um depoimento em pessoa ante à Comissão". Ela indica que o diretor técnico Mike Schroepfer, ou o de produtos, Chris Cox, poderiam estar presentes "diretamente", após o fim o fim do recesso de Páscoa, ou 16 de abril.

No entanto, a proposta foi rejeitada pelos deputados britânicos.  "Gostaríamos de convidar Cox para dar um depoimento", declarou o presidente da Comissão, Damian Collins. "Mas gostaríamos sobretudo de escutar Zuckerberg", acrescentou, apontando que ele poderia comparecer pessoalmente, ou por videoconferência. Collins avalia que seria "apropriado" Zuckerberg se explicar pessoalmente, dada a gravidade das acusações.

O Facebook está no meio do escândalo envolvendo a empresa Cambridge Analytica (CA), acusada de ter recuperado, sem autorização, dados de 50 milhões de usuários da plataforma social e de tê-los utilizado para apoiar a campanha presidencial de Donald Trump em 2016.

O Facebook denunciou um "abuso de confiança", alegando ignorar o uso com fins políticos dos dados coletados pela CA através de um aplicativo de questionários psicológicos elaborado por um pesquisador universitário.

Prazo de duas semanas

Já a comissária europeia de Justiça, Vera Jourova, deu duas semanas de prazo para os diretores do Facebook responderem a uma série de questões, em particular sobre a forma como  a rede social aplica as regras europeias de proteção de dados.

Em 20 de março, o presidente do Parlamento europeu Antonio Tajani já tinha convidado Zuckerberg a dar explicações diante dos eurodeputados. Jourova também quer saber se há cidadãos europeus entre os usuários afetados.

A diretora britânica Rebecca Stimson respondeu parcialmente a essa questão, indicando que cerca de "1% dos downloads" do aplicativo que permitiu o vazamento de dados do Facebook para a Cambridge Analytica foram realizados "por usuários da União Europeia, alguns deles no Reino Unido".

Zuckerberg pediu desculpas novamente no domingo. "Temos uma responsabilidade: proteger seus dados. Se não conseguimos, não os merecemos", escreveu o CEO da rede social.

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