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Catalunha

Manifestações invadem a Catalunha em apoio a referendo separatista

Várias manifestações invadiram Barcelona, nesta sesta sexta-feira (22), em repúdio às operações policiais de Madri para tentar impedir a realização do referendo de autodeterminação em 1º de outubro.

Manifestação favorável ao independentismo catalão em frente à Universidade de Barcelona em 22 de setembro de 2017.
Manifestação favorável ao independentismo catalão em frente à Universidade de Barcelona em 22 de setembro de 2017. ©REUTERS/Jon Nazca
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"O que vimos esses dias são mobilizações tumultuadas", criticou o porta-voz do governo espanhol, Íñigo Méndez de Vigo, justificando o envio de um amplo reforço policial a esta região de 7,5 milhões de habitantes, com suas autoridades e parte de sua cidadania em rebeldia contra o poder central.

A disponibilização policial e judicial contra a votação aumentou na quarta-feira (20) com a detenção de 14 autoridades políticas, a intervenção financeira da administração regional e o confisco de material eleitoral. Desde então, protestos têm proliferado nesta região.

Nesta sexta-feira (22), manifestantes se concentravam em frente ao tribunal onde depuseram alguns políticos detidos, já em liberdade. Centenas de estudantes também ocupavam o edifício principal da Universidade de Barcelona, e outro grupo protestava desde a quinta-feira em frente ao Tribunal Superior de Justiça regional.

"Até quando Puigdemont vai continuar abusando e pressionando o povo da Catalunha?", perguntou com veemência a vice-presidente do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría.

Pressão policial

Embora o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, tenha dado por desarticulado o referendo de quarta-feira após as detenções e o confisco de milhões de cédulas de votação, as operações policiais continuam.

Nesta sexta-feira (22), a Guarda Civil realizou uma inspeção "com resultado negativo" em uma empresa de embalagem de papelão a 60 km de Barcelona, inicialmente à procura de urnas eleitorais, cuja localização é secreta.

O ministro do Interior espanhol, Juan Ignacio Zoido, também advertiu o governo regional por carta sobre o envio de reforços da Polícia Nacional e da Guarda Civil que "atuarão caso seja mantido o referendo ilegal".

O ministério teve que fretar três embarcações atracadas nos portos de Barcelona e Tarragona para alocar milhares deles. A isto se somou o pedido da Procuradoria da Audiência Nacional de Madri de abrir uma investigação por "sedição" pelos protestos de quarta-feira em Barcelona diante da retenção de diversos agentes da Guarda Civil e a destruição de três viaturas.

A Procuradoria pede a identificação de "possíveis responsáveis" e aponta para duas figuras emblemáticas do separatismo catalão, Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, presidentes da Assembleia Nacional da Catalunha (ANC) e da Omnium Cultural, entidades organizadoras das manifestações em massa dos últimos anos.

Precisamente, na sede da ANC, dezenas de voluntários trabalhavam durante a manhã para levar o material de propaganda eleitoral ante os crescentes boatos de uma operação policial, constatou um fotógrafo da AFP.

‘Desculpe Espanha, a Catalunha votará'

Mas o governo regional de Carles Puigdemont não renuncia a esta votação suspensa pelo Tribunal Constitucional.

"Desculpe Espanha, a Catalunha votará sobre a independência, vocês gostando ou não", escreveu o presidente regional em uma matéria no jornal americano Washington Post, no qual se queixou de "três séculos sob o poder da Espanha".

Sua causa recebeu um apoio sutil do Parlamento europeu, onde 47 de seus 750 deputados mandaram uma carta a Rajoy denunciando "ações repressivas" e "um abuso de poder" de seu governo, e assegurando, como Puigdemont, que a região vive em "estado de sítio encoberto".

A pressão de Madri, no entanto, rendeu frutos. Nesta sexta-feira (22), tiveram que destituir o número dois do departamento da vice-presidência, Josep Maria Jové, homem-chave na infraestrutura eleitoral, que foi multado em 12.000 euros diários pelo Tribunal Constitucional até a suspensão do referendo.

Abandonaram seus cargos os cinco membros da sindicância eleitoral criada para supervisionar a votação, ameaçados com as mesmas multas multas, e cederam suas funções a um grupo de acadêmicos internacionais recrutados para atuar como observadores internacionais, informou uma fonte do governo.

"Este é um referendo ilegal que não vai acontecer. Também não tem nenhuma garantia democrática", disse Méndez de Vigo.

(Com informações da AFP)

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