Separatistas intensificam mobilização por referendo na Catalunha
"Independência! Independência!", gritavam milhares de catalães nesta quinta-feira (21) diante do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha. Depois da grande mobilização da véspera que se estendeu pela madrugada, os separatistas prometem dar seguimento à mobilização pela realização do polêmico referendo que se tornou um braço de ferro entre o governo espanhol e a administração regional desta região no nordeste do país.
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Milhares de catalães exigem a libertação dos 14 membros do executivo da Catalunha, detidos na manhã de quarta-feira (20), por estarem encarregados de preparar o referendo sobre a independência da região. Entre eles, está o secretário da Economia da Catalunha, Josep María Jové, braço direito do vice-presidente da região, Oriol Junqueras.
As manifestações, diante da sede da vice-presidência do governo regional, no centro de Barcelona, começaram durante o dia e continuaram madrugada adentro. "Acamparemos lá todas as noites", declarou Jordi Sánchez, presidente de uma das organizações que convocaram os atos, a Assembleia Nacional da Catalunha.
Referendo proibido
A realização do referendo está proibida pelo governo espanhol que considera inconstitucional a consulta sobre a independência da região. Mas o governo catalão mantém o plebiscito e segue publicando no Diário Oficial da região a convocatória para a votação.
O presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, já afirmou que se a população optar por se separar, o governo regional poderá convocar a independência dessa região da Espanha em até 48 horas após o referendo. Segundo ele, Madri, que classificou como "um regime repressivo e intimidador", "suspendeu a autonomia da Catalunha e impôs um estado de exceção".
Já o chefe do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, fez um apelo ontem pelo fim da "radicalização" na Catalunha. "Sabem que esse referendo não pode ser celebrado. Nunca foi legal, nem legítimo, e agora tornou-se impossível", disse Rajoy.
Partidos espanhóis, mesmo os socialistas, que são os principais opositores ao governo, pedem unidade no país. Já os partidos da esquerda radical, Podemos e Izquierda Unida convocaram uma manifestação em Madri pela "fraternidade e a coabitação". Segundo Pablo Echenique, um dos líderes do Podemos, o Partido Popular, de Mariano Rajoy, ataca os "direitos dos catalães e dos espanhóis".
Consulta em situação de empate
As pesquisas sobre o referendo mostram uma situação de empate, algumas delas com uma pequena vantagem para o "sim", ou seja, pela separação. Caso isso aconteça, a Catalunha já tem pronta uma espécie de mini Constituição. Aprovada no início de setembro pelo Parlamento local, o texto estabelece normas para os primeiros meses de uma suposta Catalunha independente, como a absorção dos funcionários públicos estatais, a adoção de três idiomas oficiais e a definição de quem terá nacionalidade catalã. Determina também que o presidente catalão indicará o nome do presidente do Tribunal Supremo e do procurador-geral da região.
O governo catalão diz se tratar de um processo democrático que Madri tenta impedir por medo do resultado. Mas Madri se baseia no argumento de que, pela Constituição Espanhola, apenas o chefe de governo do país pode convocar um referendo. A legislação nacional impede que isso seja feito por um governo regional.
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