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Turquia/jornalismo

Turquia: jornalistas da oposição podem pegar até 43 anos de prisão

O processo dos jornalistas do diário turco Cumhuriyet, o mais antigo do país, acusado de apoiar organizações terroristas armadas, começou nesta segunda-feira (24) no palácio de justiça de Caglayan, em Istambul.

Manifestação na frente da sede do jornal Cumhuriyet. No cartaz, a frase: "uma imprensa livre não pode ser reduzida ao silêncio".
Manifestação na frente da sede do jornal Cumhuriyet. No cartaz, a frase: "uma imprensa livre não pode ser reduzida ao silêncio". ©REUTERS/Murad Sezer
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No total, 17 jornalistas serão julgados por “conivência com terroristas” e podem pegar até 43 anos de prisão. Diversos representantes de associações de direitos humanos vieram prestar apoio a alguns dos maiores nomes da imprensa turca, entre eles o editorialista Kadri Gürsel, o caricaturista Musa Kart, o cronista Aydin Engin e o jornalista investigativo Ahmet Sik.Ironicamente, nesta segunda-feira, data de abertura do processo, também é comemorado o Dia Nacional da Imprensa, celebrado no país há mais de cem anos.

Doze dos acusados já estão presos, seis livres e apenas um, Can Dündar, ex-editor-chefe do jornal, exilado na Alemanha, será julgado à revelia. Todos respondem a um processo por terem apoiado três organizações consideradas terroristas pelo governo turco: o movimento de Fethullah Gülen, acusado de ser o líder da tentativa de golpe de 15 de julho de 2016, o partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e o grupo de extrema-esquerda DHKP-C.

O motivo real dessa caça aos jornalistas do Cumhuriyet, entretanto, seria outro. Segundo a jornalista do diário Mine Kirikkanat, tudo começou depois do jornal reproduzir em suas páginas as famosas caricaturas de Maomé, publicadas pelo satírico francês Charle Hebdo, o que foi considerado como uma ofensa ao governo e aos muçulmanos turcos. Os desenhos motivaram o ataque terrorista de 7 de janeiro de 2015, que dizimou a redação do jornal francês.

Intimidação

Na verdade, não existem provas de algum envolvimento dos jornalistas, descreve o advogado Abbas Yalcin, entrevistado pelo jornal Le Monde. Ele denuncia uma manipulação do Ministério Público turco, que se baseou em elementos isolados como conversas telefônicas antigas e tuítes, para abrir um inquérito “sem legitimidade”, diz. O objetivo é intimidar a classe intelectual, os jovens e toda a oposição, acredita.

Desde 20 de julho de 2016, o governo turco declarou estado de emergência e dirige o país através de decretos. O presidente Recepp Erdogan acaba de prorrogá-lo por mais três meses, o que dá ao governo carta branca para exercer a lei como bem entende. Desde julho de 2016, mais de 160 jornalistas foram presos e 150 veículos de comunicação fechados.

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