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Linha Direta

União Europeia sofre derrota com renúncia de premiê na Itália

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O referendo sobre a reforma da Constituição na Itália e as eleições presidenciais na Áustria deixaram a Europa com o fôlego em suspenso neste domingo. A vitória do “não” nas urnas italianas estremeceu Bruxelas, enquanto a escolha do novo presidente austríaco aliviou a Europa.

O primeiro-ministro italiano renunciou ao cargo, depois da derrota no domingo do referendo sobre a reforma constitucional.
O primeiro-ministro italiano renunciou ao cargo, depois da derrota no domingo do referendo sobre a reforma constitucional. REUTERS/Tony Gentile
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

A vitória do “não” no referendo sobre a reforma da Constituição na Itália representa mais um duro golpe para a União Europeia. Sondagens da emissora pública Rai indicam que o “não” recebeu quase 60% dos votos contra 40% para o “sim”.

Embora a decisão de não simplificar o sistema político no país afete apenas os italianos, as consequências podem mergulhar o resto da Europa em um caos político e econômico. Um dos receios é que o resultado das urnas italianas abra caminho nas próximas eleições para populistas e eurocéticos como Matteo Salvini, da Liga do Norte, ou Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas, que defende a realização de um referendo sobre a permanência da Itália na zona do euro.

Considerada a maior ameaça ao bloco europeu desde o Brexit, tal possibilidade apavora Bruxelas, os mercados financeiros e pressionaria as economias mais fracas da zona do euro. Há dois anos, quando o premiê italiano Matteo Renzi convocou o referendo sua popularidade estava em alta. Sua ascensão era vista como uma ruptura com o passado e uma renovação da política italiana. Na época, Renzi estava confiante e prometeu renunciar caso perdesse a consulta popular. Mas de lá pra cá, sua aceitação caiu de 70% para 40% e as promessas de recuperação da economia não decolaram.

Cenários possíveis com a renúncia de Renzi

O premiê italiano cumpriu com a palavra e renunciou ao cargo após a vitória do “não” nas urnas. Com a derrota de Renzi, o presidente italiano, Sérgio Mattarella, deverá agora convocar eleições antecipadas, o que faria Bruxelas tremer, ou nomear um governo provisório que possa administrar o país até as próximas eleições legislativas, marcadas para 2018.

Especialistas receiam que a Itália – a terceira maior economia da União Europeia – possa mergulhar o resto do bloco em um caos político e econômico. Há preocupações com as condições dos bancos italianos, as finanças públicas e a economia do país.

Extrema-direita é derrotada na Áustria

Foi com um grande alívio que Bruxelas recebeu a notícia da vitória do candidato independente apoiado pelos Verdes, Alexandre Van der Bellen, nas presidenciais austríacas. Nas primeiras projeções anunciadas neste domingo, Van der Bellen obteve 53,3% dos votos. Seu adversário, que poderia ter se tornado o primeiro chefe de Estado de extrema-direita do bloco europeu, Norbert Hofer, do Partido da Liberdade da Áustria (FPO), conquistou 46,7% dos votos e já admitiu a derrota. As projeções consideram os 700 mil votos que serão contados somente nesta segunda-feira.

Alexandre Van der Bellen, 72 anos, ex-professor de economia das Universidades de Innsbruck e Viena, é um fã fervoroso da Europa. Durante 18 anos, ele foi deputado pelo Partido Verde e se tornou popular como conselheiro da capital austríaca. Para os conservadores, Van der Bellen é um político muito esquerdista; já os verdes o consideram pouco radical.

O maior medo da União Europeia era de que um possível triunfo da extrema-direita na Áustria pudesse servir de efeito dominó para as próximas eleições presidenciais na Holanda e França, no ano que vem. A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos reforçou a agenda de políticos ultraconservadores na Europa. Por isso, a derrota de Hofer foi comemorada com alívio no continente.

No próximo ano, a Europa será palco de pelo menos cinco eleições ou referendos que podem colocar em risco a unificação do bloco. Vários líderes europeus saudaram a vitória de Van der Bellen. O presidente da França, François Hollande, disse que “o povo austríaco fez a escolha da Europa e da abertura”, enquanto o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, parabenizou o vencedor afirmando que “o populismo não é uma fatalidade para a Europa”.

O vice-chanceler da Alemanha, Sigmar Gabriel, afirmou que “um peso saiu dos ombros da Europa e que todos se sentem aliviados com a vitória da razão contra o populismo de direita”.

A eleição deste domingo foi a repetição do segundo turno ocorrido em maio passado e anulado pelo Tribunal Constitucional por irregularidades.

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