Premiê da Islândia renuncia depois do escândalo do Panama Papers
O primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur David Gunnlaugsson, anunciou nesta terça-feira (5) que renunciará, depois do escândalo gerado pelas revelações dos "Panama Papers", o maior vazamento de um esquema de evasão fiscal já registrado. O premiê foi proprietário de uma empresa de fachada, destinada a administrar o patrimônio da esposa.
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"O primeiro-ministro disse em uma reunião de seu grupo parlamentar que vai renunciar", declarou à televisão Sigurdur Ingi Johannsson, vice-presidente do Partido do Progresso e ministro de Agricultura.
Para que a renúncia seja oficial, o Partido da Independência, aliado à legenda do primeiro-ministro, ainda deve dar seu acordo. Se a demissão acontecer, Gunnlaugsson será o primeiro envolvido no escândalo a sofrer as consequências diretas do vazamento das informações publicadas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).
Premiê jurou inocência
O primeiro-ministro de 41 anos estava sob pressão depois que uma grande investigação jornalística, a Panama Papers, revelou a existência de uma empresa de fachada criada por sua esposa, Anna Sigurlaug Palsdottir, nas Ilhas Virgens britânicas em 2007, onde colocou milhões de dólares. O premiê jurou inocência desde que a informação vazou.
Na segunda-feira (4), milhares de pessoas foram às ruas de Reykjavik pedir a demissão de Gunnlaugsson. Mais de 24 mil islandeses também assinaram uma petição online para pedir sua renúncia.
Mais cedo, o premiê pediu autorização ao presidente islandês, Olafur Ragnar Grimsson, para dissolver o Parlamento e convocar novas eleições. O presidente, que voltou rapidamente de uma viagem que fazia nos Estados Unidos, negou o pedido, alegando que desejava consultar antes o Partido da Independência e o Partido do Progresso, para tomar conhecimento da posição de ambos sobre a questão.
Empresa de fachada
Segundo os documentos publicados pelo ICIJ, o primeiro-ministro possuía 50% da empresa de fachada Wintris Inc, destinada a administrar o patrimônio de sua esposa, herdeira de um magnata. No fim de 2009, Gunnlaugsson vendeu a empresa a sua esposa pela soma simbólica de US$ 1.
No entanto, quando foi eleito deputado pelo Partido do Progresso pela primeira vez, em abril de 2009, omitiu esta participação em sua declaração de patrimônio.
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