Partidos saúdam pedido do rei da Espanha para diálogo e união
Os dois principais partidos políticos espanhóis, o PP e o PSOE, afirmaram nesta sexta-feira (25) que estarão à altura das expectativas criadas para resolver o impasse político no país depois das eleições legislativas. Lideranças elogiaram a mensagem natalina do rei Felipe VI, que pediu união e diálogo para a formação do novo governo.
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Em uma mensagem gravada pela primeira vez na sala do trono do Palácio Real, o rei Felipe IV lembrou aos espanhóis a grandeza e a história de sua nação e pediu para o país demonstrar "vontade de entendimento".
"O pluralismo político, que se expressou nas urnas, traz sensibilidades, visões e perspectivas diferentes; e exige uma maneira clara de fazer política baseada no diálogo, no acordo e no compromisso", disse o monarca, de 47 anos.
As eleições legislativas do último domingo foram marcadas pela entrada no parlamento de dois novos partidos políticos: o Podemos, de extrema-esquerda, que se tornou a terceira força política do país, e o Cidadãos, que ficou em quarto na votação.
Fragmentação política
Podemos e Cidadãos puseram fim ao bipartidarismo que dominou o cenário político espanhol por mais de 30 anos, com a hegemonia dos conservadores e socialistas.
Nenhum partido conquistou maioria absoluta para governar e diante de um parlamento muito fragmentado, acordos serão necessários para garantir a formação de um governo estável. No entanto, diante das diferenças entre os partidos, a tarefa é considerada muito difícil e complexa.
"O que deve contar para todos e, antes de tudo, é a Espanha", afirmou Felipe VI, monarca considerado sem carisma e em busca de legitimidade.
Segundo a constituição espanhola, o rei tem um papel imparcial. Em janeiro, ele deverá iniciar as consultas com os líderes de diferentes partidos antes de designar o que tem mais chances de formar um governo.
Lo que comparto: España es diversa y plural. Lo que me falta: paro, desigualdad, un país con su gente y sin corrupción. Bonita corbata
Os conservadores do Partido Popular e os socialistas do PSOE reagiram ao apelo do rei e se mostraram dispostos a trabalhar para chegar a um pacto que garanta a formação do futuro gabinete.
Reações
A secretária-geral do PP, María Dolores de Cospedal, considerou a mensagem de Felipe IV "histórica e essencial". "Histórica pelos dias que passam nosso país e porque nos falou do presente e do futuro da Espanha para as próximas gerações. Unidade, consenso e estabilidade, são os pilares básicos da nossa democracia. Isso o rei destacou ao reafirmar que nosso caminho é o do entendimento, da convivência e da concordância", disse Cospedal.
Ela pediu que os adversários socialistas tenham um "ponto de vista" para estar "à altura das circunstâncias" em referência à postura a ser adotada na hora de negociar um pacto político.
O porta-voz do PSOE no congresso, Antonio Hernando, destacou que os socialistas estarão "à altura das circunstâncias", mas reiterou que a executiva do partido irá dizer "não" ao primeiro-ministro Mariano Rajoy e às suas propostas que “pretendem dividir a Espanha”.
Por outro lado, Hernando disse que o PSOE rechaça propostas de "autodeterminação de alguns territórios", em clara referência ao Podemos. O partido de exterma-esquerda defendeu durante a campanha que os catalães realizem um referendo para decidir seu futuro, apesar de que é contra a independência da região da Espanha.
Comparto con el Rey la necesidad de diálogo, reformas democráticas, unión y responsabilidad en esta nueva etapa de la democracia española.
— Albert Rivera (@Albert_Rivera) 24 Décembre 2015
Hernando e Cospedal saudaram o espírito de "consenso" expressado pelo rei Felipe VI durante sua mensagem. Pelo Twitter, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, disse que divide com o monarca a visão de que a Espanha é um "país diverso e plural", mas lamentou a ausência dos temas desemprego, corrupção e desigualdades no discurso oficial.
Também pela mesma rede social, o líder do Cidadãos, Albert Rivera, disse compartir com o Rei " a necessidade de diálogo, reformas democráticas, união e responsabilidade nesta nova etapa da democracia espanhola".
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