Com discurso xenófobo, conservadores saem na frente em legislativas na Polônia

As pesquisas de boca de urna apontam que os conservadores católicos do partido eurocético Direito e Justiça (PiS, de oposição) teriam conquistado a maioria absoluta nas eleições legislativas deste domingo (25) na Polônia. Se o resultado for confirmado, o grupo de Jaroslaw Kaczynski, que fez uma campanha defendendo a luta contra a imigração, poderá se apoiar na maioria para governar sozinho.

Se resultados da boca de urna foram confirmados, o partido de Jaroslaw Kaczynski (e) poderá governar a Polônia sozinho. REUTERS/Pawel Kopczynski

De acordo com projeções de três emissoras de televisão polonesas, que se baseiam em pesquisas de boca de urna, o partido Direito e Justiça tem 39,1% dos votos, o que representa 242 deputados do total de 460 cadeiras. Já os liberais de centro da Plataforma Cívica (PO), da primeira-ministra em final de mandato, Ewa Kopacz, aparecem com 23,4%, o correspondente a 133 assentos.

Os resultados se devem a uma campanha dinâmica, na qual não faltaram argumentos xenófobos, e muitas promessas, como a redução dos impostos, da idade de aposentadoria e o aumento dos subsídios familiares.

Se vencer, Kaczynksi voltaria ao poder depois de ter passado oito anos na oposição. Ele foi primeiro-ministro entre 2006 e 2007, quando foi obrigado a ceder o lugar aos liberais de Donald Tusk devido aos conflitos em sua coalizão governante. Seu irmão gêmeo Lech era presidente da Polônia e, depois de sua morte em uma acidente aéreo na Rússia em 2010, Jaroslaw tentou em vão sucedê-lo no cargo.

Os adversários de Jaroslaw Kaczynski lembram que sua passagem pelo governo foi marcada por tensões sociais e por uma limpeza no aparato do Estado para eliminar tudo o que lembrasse o comunismo. Já a política externa foi pontuada pelas tensões com União Europeia, Alemanha e Rússia.

Alguns especialistas temem que, em caso de vitória, o partido Direito e Justiça endureça ainda mais os limites para o aborto, complique a fecundação in vitro e reforce o papel da religião na educação. O presidente atual da Polônia, Andrzej Duda também vem do campo conservador e foi impulsionado pelo próprio Jaroslaw Kaczynski.