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Justiça/Suíça

Julgamento do ex-funcionário do HSBC que denunciou Swissleaks é adiado na Suíça

O julgamento do francês Hervé Falciani, ex-especialista em computação do banco HSBC da Suíça, foi adiado para novembro. Falciani, acusado do maior caso de roubo de dados bancários do país, não compareceu à primeira audiência prevista para esta segunda-feira (12) – forçando o Tribunal Penal Federal da Suíça a adiar o início do processo. Ele será julgado em novembro, mesmo na sua ausência.

O francês Hervé Falciani, ex-especialista em computação do banco HSBC da Suíça, em foto de arquivo.
O francês Hervé Falciani, ex-especialista em computação do banco HSBC da Suíça, em foto de arquivo. REUTERS/Juan Carlos Hidalgo
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Deborah Berlinck, correspondente da RFI em Genebra

Falciani vazou para um consório internacional de jornalistas mais de 13 mil arquivos sigilosos de contas do HSBC na Suíça – o que contribuiu significativamente para o fim anunciado do sigilo bancário do país.

Se aplicada a lei suíça, uma coisa é certa: Falciani será condenado. Mesmo que o segredo bancário suíço esteja praticamente morto, banqueiro ou funcionário de banco que quebra sigilo bancário ou comercial corre o risco de prisão.

O julgamento de Falciani começou nesta manhã sem a presença dele, já que o francês se recusou a comparecer. Por conta disso, o processo foi adiado e vai acontecer no dia 2 de novembro, com ou sem a presença dele. Até lá, Falciani poderá circular livremente na França, que não vai extraditá-lo. O ex-técnico de computação do HSBC vai dar uma coletiva de imprensa no dia 28 de outubro em Divone.

Fim da praça financeira suíça

Para autoridades suíças, não julgar Falciani significa abrir a porta para que outros façam o mesmo - isto é, queba de sigilo bancário e roubo de dados sigilosos. Seria o fim o praça financeira suíça.

Bom lembrar que os 283 bancos operando hoje no país administram U$S 6,1 trilhões de dólares de ativos, dos quais 51% do estrangeiro – o que coloca o país como líder mundial no setor, segundo a Associação de Bancos da Suíça. Os bancos operando no país detêm, nada menos, do que 26% da fatia mundial em gestão de ativos. Ou seja, muito dinheiro está em jogo neste processo de Falciani.

Falciani está longe de ser um herói

Muita surpresa pode surgir neste processo. Neste domingo, o jornal suíço Matin Dimanche revelou que Falciani, na realidade, teria feito isso por dinheiro. O ex-técnico em computação teria tentado vender as informações roubadas para o serviço secreto alemão, usando o pseudônimo de Ruben Al-Chidiak. O serviço secreto suíço obteve esta pista já em 2008. Uma investigação foi aberta na época.

O fato é que, culpado ou não, Falcioni fez acelerar a erosão do sigilo bancário da Suíça. O país está há anos sob enorme pressão, sobretudo dos Estados Unidos, que acusam os bancos suíços de esconderem boa parte do dinheiro fraudado do fisco, sem contar o dinheiro sujo de políticos e ditadores.

Por conta dos escândalos, a partir de 2018, a Suíça passará a trocar automaticamente informações sobre contas com 57 países. Vai ser uma verdadeira revolução na praça financeira do país.

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