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Europa/ imigração

Alemanha vai restabelecer controle de passaportes

A Alemanha restabeleceu neste domingo (13) o controle de passaportes na sua fronteira com a Áustria, por onde milhares de refugiados estão chegando ao país. O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, declarou que a medida é temporária e foi tomada por razões de segurança. Esse tipo de fiscalização foi abolida nos países europeus que fazem parte do espaço Schengen, de livre circulação na União Europeia.

Migrantes chegam na estação de trem Schoenefeld, em Berlim.
Migrantes chegam na estação de trem Schoenefeld, em Berlim. REUTERS/Hannibal Hanschke
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“A Alemanha introduz, a título provisório, controles ao longo das suas fronteiras. Em primeiro lugar, na divisa com a Áustria”, anunciou Maizière. Ele disse que, antes da decisão, consultou as autoridades austríacas sobre a medida, que deve gerar perturbações nos transportes entre os dois países. O trafego ferroviário entre a Alemanha e a Áustria foi interrompido neste domingo, na tentativa de barrar a chegada em massa dos migrantes em território alemão.

Maizière também defendeu que os refugiados não possam "escolher" o país onde vão morar. “Eles não podem escolher o país que vai lhes dar proteção”, afirmou.

A Alemanha tem recebido um fluxo recorde de imigrantes nas últimas semanas, depois que a chanceler Angela Merkel, adotou uma postura mais firme em defesa dos refugiados e aumentou o número de pedidos de asilo que serão aceitos pelo país. A cidade de Munique, porta de entrada dos estrangeiros no país, enfrenta dificuldades para receber os milhares de estrangeiros que chegaram nos últimos dias. Somente neste sábado, 12,2 mil sírios, iraquianos ou eritreus desembarcaram na cidade.

A falta de vagas em abrigos fez com que dezenas de pessoas fossem obrigadas a dormir na rua na última noite, usando cobertores e colchonetes fornecidos pelas autoridades alemãs. Comentando os últimos acontecimentos, o ministro alemão dos Transportes denunciou, neste domingo, o “fracasso completo” no controle das fronteiras da União Europeia. Ele pediu medidas “eficazes” para diminuir a chegada de estrangeiros na Europa.

Divisões no governo alemão

O ministro Alexander Dobrindt destacou que “os limites da capacidade” de recepção de migrantes pela Alemanha “foram atingidos”. Ele faz parte da ala mais conservadora da coalizão de governo liderada por Merkel.

Os comentários ilustram as tensões políticas internas que o governo alemão enfrenta neste momento, sobre até que ponto o país deve colaborar para acolher os migrantes. Merkel adotou uma postura ativa na questão, marcada pela solidariedade e a generosidade em relação aos refugiados. Mas nem todos no governo concordam que o país deve abrir tanto assim as suas fronteiras para os estrangeiros, que fogem das guerras, da perseguição e da miséria na África e no Oriente Médio.

O impasse acontece na véspera de uma reunião dos ministros do Interior e da Justiça dos 28 países da União Europeia para tratar da crise migratória, em Bruxelas.

Os ministros tentarão chegar a um acordo sobre o último plano europeu para recepcionar os estrangeiros, apresentado pela Comissão Europeia. O foco das discórdias se concentra na proposta de estabelecimento de cotas obrigatórias de refugiados por país, uma ideia rechaçada principalmente pelos países do leste europeu, como Hungria, Polônia e República Tcheca. O ministro eslovaco do Interior já avisou que vai se opor ao plano.

Mais mortes

Neste domingo, os cadáveres de 34 migrantes - incluindo 14 crianças - foram recuperados na costa da Grécia, após mais um naufrágio de uma embarcação levando imigrantes ilegais rumo à Europa. A guarda-costeira grega indica que o barco transportava 112 pessoas, entre elas quatro bebês e dez crianças, quando afundou diante da ilha de Farmakonisi, no sul do Mar Egeu. Até o momento, 68 pessoas foram resgatadas com vida, e outras 29 conseguiram chegar à praia a nado.

As operações de busca para encontrar quatro crianças e um adulto desaparecidos em outro naufrágio ocorrido no sábado continuam. O acidente aconteceu em frente à ilha grega de Samos.

A Organização Internacional para as Migrações indicou que mais de 430.000 migrantes e refugiados cruzaram o Mediterrâneo com destino à Europa neste ano, e estimou em 2.748 os que morreram ou desapareceram.
 

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