"A Europa está aqui", declara Manuel Valls para migrantes em Calais

Nesta segunda-feira (31), o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, visitou Calais (norte), onde três mil migrantes vivem em situação precária enquanto tentam atravessar o Canal da Mancha rumo ao Reino Unido. O primeiro-ministro viajou acompanhado do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, do comissário europeu para as questões migratórias, Dimitris Avramopulos, e do vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans. “Viemos juntos para mostrar que a Europa está aqui”, afirmou.

O primeiro ministro francês Manuel Valls concede entrevista coletiva em Calais REUTERS/Philippe Wojazer

A declaração é uma resposta às críticas crescentes de que o bloco é incapaz de agir à altura da crise. No domingo, o premiê italiano, Matteo Renzi, afirmou que a União Europeia precisa “se mobilizar e não só se comover”. Mas, para Manuel Valls, a “Europa está se mobilizando para trazer soluções de forma metódica e inteligente, conciliando o indispensável: o acolhimento e a ajuda humanitária”.

Uma primeira medida neste sentido foi anunciada por Frans Timmermans: a Comissão Europeia disponibilizará € 5 milhões para a construção de um acampamento para oferecer assistência humanitária a cerca de 1,5 mil migrantes. De acordo com Valls, essa instalação deve estar pronta no início de 2016.

O dinheiro servirá também para transportar as pessoas que pedem asilo em Calais para outras regiões da França. “Jamais expulsaremos aqueles que precisam de proteção”, afirmou, antes de observar que "muitos países estão se recusando a fazer sua parte, o que é contrário ao espírito europeu".

Na outra face do discurso solidário, Timmermans disse que "é preciso refletir sobre a necessidade de guardas fronteiriços europeus, especialmente em zonas de crise, porque o espaço Shengen não é só a abolição das fonteiras internas, mas também o reforço das externas". A agência europeia de controle de fronteiras Frontex tem equipes de guardas, mas só as utiliza em missões temporárias.

Reforço da segurança

Manuel Valls também insistiu na necessidade de “firmeza em relação à imigração clandestina, que não deve ser confundida com o direito de asilo". De acordo com ele, é preciso estabelecer uma lista países "seguros", cujos cidadãos seriam proibidos de pedir asilo. "Queremos que cada um tenha uma solução digna”, afirmou. Ele reiterou também a necessidade de combater os traficantes de pessoas e tentou dissuadir os migrantes de embarcar para Calais, que classificou como um "beco sem saída".

Depois de visitar o albergue Jules Ferry, que abriga permanentemente 115 mulheres e crianças, o premiê esteve com funcionários do Eurotúnel. Ele disse "compreender e compartilhar de suas preocupações” e declarou que a prioridade é “proteger os trabalhadores e os próprios migrantes”.