Europeus condenam eleições realizadas em regiões separatistas da Ucrânia
As regiões de Donetsk e Lugansk, controladas por separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, realizaram eleições regionais neste domingo (2), exatamente uma semana depois das eleições parlamentares no restante do país. A votação foi condenada pela União Europeia, que considerou o pleito "um obstáculo à paz" na Ucrânia.
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Sandro Fernandes, de Donetsk para a RFI
Pesquisas de boca de urna divulgadas na noite de domingo apontavam ampla vitória do chefe separatista Alexander Zakhartchenko em Donetsk, com cerca de 81% dos votos. Em Lugansk, as longas filas nas seções eleitorais prorrogaram a votação em uma hora, mas também não havia praticamente dúvida sobre a vitória do líder local, o separatista Igor Plotnitsky.
A contagem dos votos pode levar alguns dias. Mas lacradas as urnas, a Rússia logo declarou que respeitaria os resultados.
O presidente ucraniano, Petro Porochenko, chamou o pleito de "farsa realizada sob o fogo dos canhões, tanques e metralhadoras". Ele pediu à Rússia que não reconheça os resultados. A votação foi considerada ilegal pelo governo de Kiev, a União Europeia, os Estados Unidos e as Nações Unidas. Os ocidentais acusam as regiões do leste de provocação e de estarem descumprindo o cessar-fogo assinado no início de setembro.
Votação sem incidentes graves
Apesar das críticas do Ocidente, o comparecimento às urnas foi considerado alto nas duas regiões, segundo as autoridades locais, podendo ter ultrapassado 50% de participação. O voto não é obrigatório na Ucrânia.
Observadores internacionais convidados pelos separatistas disseram que havia muito entusiasmo na hora de votar e que não houve incidentes. Os governos separatistas de Donetsk e Lugansk buscam com o pleito que a população local dê respaldo e legitimidade ao poder instalado à revelia de Kiev.
Zakhartchenko, candidato à reeleição em Donetsk, prometeu que vai renovar a economia local e que aumentará os salários e as aposentadorias. Ele disse também que a Ucrânia pode ser um parceiro comercial, caso devolva os territórios (re)conquistados.
A população espera o fim do conflito, que começou em abril deste ano e vem causando perdas humanas e materiais na região. Os combates deixaram até agora 3.700 mortos.
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