Plágio de tese leva presidente húngaro a renunciar
O presidente húngaro, Pal Schmitt, envolvido em um escândalo de plágio em sua tese de doutorado, apresentou sua renúncia ao Parlamento nesta segunda-feira. "Sob a Constituição, o presidente deve representar a unidade da nação húngara. Eu me tornei, infelizmente, um símbolo da divisão e sinto que meu dever é deixar o cargo", declarou aos deputados.
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"Sinto que meu dever é entregar meu mandato de presidente", afirmou. Em um primeiro momento, o presidente – muito próximo do primeiro-ministro conservador, Viktor Orban - havia descartado a possibilidade de renúncia. Na semana passada, ele perdeu o título de doutor, mas disse que não existia relação entre sua tese e a função de chefe de Estado.
A Universidade Semmelweiss, de Budapeste, retirou o grau de Schmitt por considerar plágio sua tese sobre a história dos Jogos Olímpicos, defendida há 20 anos. A instituição justificou a decisão afirmando que o trabalho não respondia "aos métodos científicos, nem éticos" da universidade.
A revista húngara HVG revelou o caso no início de janeiro, ao apresentar trechos da tese de Schmitt, 69 anos, que eram a tradução do texto em francês de um especialista búlgaro, Nicolai Georgiev. "Ao perceber o trabalho do búlgaro Georgiev em 180 das 215 páginas da tese de Pal Schmitt, suspeitamos de plágio", destacou a revista.
Schmitt declarou aos deputados ter feito um "trabalho honrado" e afirmou que a universidade "não tinha o direito" de lhe retirar o título. Em sua renúncia, o presidente anunciou a intenção de preparar uma nova tese de doutorado, sobre os esportes e o meio ambiente.
Os partidos de oposição saudaram a decisão de sair do governo e consideram que o escândalo estava prejudicando a imagem da Hungria no exterior. Os socialistas sugeriram o nome do ex-presidente Laszlo Solyom para retornar ao poder, um homem reconhecido pela integridade moral e o profissionalismo. O partido do premiê Orban deverá indicar um substituto, cujo nome deverá contar com a aprovação de dois terços do Parlamento, de maioria conservadora, para ser confirmado.
Em 2011, na Alemanha, um caso de plágio em uma tese universitária terminou com a demissão do então ministro da Defesa Karl-Theodor zu Guttenberg, uma personalidade política em crescimento dentro da democracia cristã (CDU-CSU).
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