Sarkozy e Merkel discutem reforma da zona do euro em Paris
O presidente Nicolas Sarkozy recebe a chanceler Angela Merkel para um almoço de trabalho no Palácio do Eliseu. Em clima de muita divergência, os dois líderes prometem chegar a um acordo sobre as medidas a serem adotadas para salvar o euro e tirar o bloco da crise. Na França, Sarkozy é criticado por se submeter à ortodoxia alemã. Do outro lado da fronteira, Merkel é acusada de isolar a Alemanha do restante da Europa por suas posições intransigentes.
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Deste encontro devem sair as propostas de mudanças nos tratados europeus para melhorar a governança econômica na zona do euro. Elas serão apresentadas na quinta-feira aos outros países do bloco durante reunião de cúpula, em Bruxelas.
Angela Merkel quer tornar a Europa uma união fiscal estável, com rígido controle sobre a disciplina orçamentária dos Estados membros e sanções automáticas para quem sair da linha e quebrar os critérios de estabilidade. A Alemanha deseja reduzir o limite do déficit orçamentário dos países do euro dos atuais 3% para 2% do PIB, segundo a imprensa alemã. O governo alemão também quer ampliar a autoridade de instituições europeias a ponto de elas terem o poder de intervir nos orçamentos nacionais.
Sarkozy é reticente à ideia de estruturas supranacionais que poderiam representar a perda de soberania dos países. Enquanto Paris é a favor da criação de títulos comuns da dívida, os chamados eurobonds, Berlim rejeita esse instrumento com veemência.
Na França, o presidente Sarkozy tem sido criticado por ceder demais às exigências da chanceler alemã. Do outro lado da fronteira, a oposição alemã e políticos da base governista de Merkel acusam a primeira-ministra de isolar progressivamente a Alemanha do restante da Europa.
Merkel nega ter a intenção de dominar a Europa. Analistas estimam que ao reafirmar seu compromisso em permanecer na zona do euro, a Alemanha demonstra estar ao lado dos vizinhos. O que a chanceler evita é que o contribuinte alemão pague pelos gastos excessivos dos outros governos.
Em ano pré-eleitoral e com um déficit público de 5,7% do PIB, Sarkozy está exposto aos erros de sua própria gestão, por isso prega uma solidariedade maior com as economias frágeis do bloco.
Merkel tem ressaltado repetidamente ser a favor da independência política do Banco Central Europeu. Ela é contra que o BCE compre títulos das dívidas soberanas para aliviar a pressão dos mercados, afirmando que o contribuinte alemão não pode pagar a conta sozinho. A Alemanha é o maior contribuinte do BCE.
Parlamento italiano vota novo pacote
Na Itália, o novo plano de austeridade de 20 bilhões de euros apresentado ontem pelo primeiro-ministro Mario Monti será encaminhado nesta segunda-feira ao parlamento para ser aprovado. O novo plano, o quinto do ano, é uma combinação de cortes de gastos públicos e incentivos à retomada da economia.
Com informações de Marcio Damasceno, correspondente em Berlim
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