Concessionárias fazem liquidação recorde na França para vender carros “encalhados” por causa da pandemia
Para tentar relançar as atividades do setor automobilístico após quase dois meses de comércio fechado e de confinamento da população, as concessionárias de veículos francesas lançaram uma série de operações de liquidação. Alguns carros novos estão sendo vendidos com descontos de mais de 25%.
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Além de ser uma catástrofe sanitária que resulta na morte de milhares de pessoas pelo mundo, a pandemia de Covid-19 também representa um impacto inédito em várias áreas da economia. E o setor automobilístico não foi poupado.
Segundo um balanço divulgado nesta semana, as vendas de carros despencaram 88% nos últimos dois meses na França. As concessionárias do país acumulam atualmente em seus estacionamentos o equivalente a quatro meses da produção nacional de veículos. Para eliminar esse estoque, muitos se lançaram em liquidações em tempo recorde. Campanhas publicitárias circulam pela internet e nas revistas especializadas.
A montadora Ford, que tem mais de 11 mil carros novos esperando para serem vendidos, dá descontos de quase 25% para alguns modelos novos. As concorrentes seguiram no mesmo ritmo, tanto em veículos populares quanto em modelos de luxo.
A Peugeot está liquidando até carros que acabam de ser lançados, como o 208 II, que começou a ser comercializado em outubro de 2019. O veículo, que custa normalmente pouco mais de € 20 mil, pode ser comprado com 12% de desconto até o final deste mês.
A Citroën, com seus 15 mil carros “encalhados”, propõe desde abril reduções entre 10% e 15% em seus veículos novos, além de uma série de vantagens, como um ano de garantia gratuita adicional, primeira mensalidade paga apenas três meses após a compra e entrega a domicílio.
Já a Nissan, uma das mais generosas nesse momento, oferece descontos de 27% para alguns modelos zero quilômetro, enquanto a Seat propõe aos clientes comprar um carro hoje e começar a pagar apenas em 2021.
Queda na produção
Enquanto as concessionárias fazem o que podem para eliminar seus estoques, as montadoras tentam diminuir o ritmo da produção para evitar o acúmulo em seus pátios que já estão cheios, não apenas na França.
O grupo Volkswagen informou nesta quarta-feira (14) que vai interromper durante alguns dias várias linhas de montagem que acabaram de ser reabertas após o fim do confinamento na Alemanha. Na sua fábrica em Wolfsburg, sede histórica da montadora, duas linhas serão totalmente desativadas e uma funcionará com horários reduzidos. A produção do grupo na Europa é estimada atualmente entre 35% e 50% de sua capacidade normal.
Na Alemanha, que tem no setor automobilístico um de seus pilares econômicos, a crise pode custar cerca de 100 mil empregos a longo prazo.
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