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Radar econômico

Ceia de Natal dos franceses pode ficar sem foie gras e salmão

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Ao que tudo indica, as ceias de fim de ano na França terão um gosto amargo. Com a alta no preço do foie gras, do salmão, das vieiras e das trufas, os franceses terão que apertar o cinto nas tradicionais comilanças de Natal e Ano Novo. A dez dias do início das festas, os produtores tentam acalmar os ânimos e relativizar para não assustar os consumidores.

Foie gras é considerado como um prato indispensável nas ceias de Natal da França.
Foie gras é considerado como um prato indispensável nas ceias de Natal da França. Pixabay
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Devido a uma epidemia de gripe aviária neste ano, a produção de foie gras teve uma queda de 25%. Resultado: o quilo do produto, cuja média varia entre € 20 e € 40, custará € 10 a mais do que no ano passado.

O diretor da Associação Foie Gras do Sudoeste, Marc Roose, salienta, no entanto, que a alta não vai pesar tanto no bolso do consumidor francês. “O acréscimo no preço do foie gras é normal. A produção foi efetivamente menor neste ano. Mas se considerarmos o aumento do produto por porção, cerca de 200 gramas por consumidor, percebemos que a alta é de cerca de € 0,40 apenas”, diz.

A alta mais importante, no entanto, foi a do preço do salmão, produto tradicionalmente indispensável das ceias de fim de ano. A matéria bruta sofreu uma alta de 37% e o salmão defumado, 20%.

Pascal Goumain, presidente da empresa Saumon de France, explicou à RFI que desde o início do ano, há uma conjunção de fenômenos relacionada em parte à mortalidade importante de salmão no Chile e também ao crescimento da demanda do produto no mundo, maior do que a produção.

“Cerca de 250 mil toneladas de peixe foram destruídas devido a um problema ocasionado por microalgas no Chile. Então, os mercados americanos se voltaram aos europeus, especialmente à Noruega, o que criou tensões de abastecimento. Além disso, estamos diante do crescimento mundial de consumo do salmão porque as classes médias de países emergentes na América do Sul, Africa e Asia passaram a consumi-lo. Ou seja, a produção mundial cresce menos rápido que a demanda”, explica.

Tradição acima dos preços

A professora Françoise Petiot, da cidade de Castres, no sudoeste da França, prepara ceias para toda a família há muitos anos. Ela não costuma fazer economias no Natal e no Ano Novo, a não ser que os aumentos sejam abusivos.

“Nessa época do ano é raro não consumirmos foie gras, salmão, ostras... Raramente reunimos a família inteira para celebrações como essas, então dificilmente economizamos nessas refeições. Os franceses apreciam e investem muito em alimentação, gostamos de comer bem. Mas se o quilo do foie gras passar de € 35 para € 40 ou € 50, aí sim, pensaremos duas vezes”, pondera.

A brasileira Claudia Baudry, formadora em comunicação e línguas, mora há 14 anos na França e em muitos Natais tem a missão de realizar a ceia para os sogros. Mas, esse ano, ela conta que o cardápio vai ser adaptado.

“Pretendo substituir o salmão pelas ostras como entrada. O foie gras, entretanto, já foi comprado quando eu e meu marido viajamos recentemente para a região onde o produto é tradicionalmente produzido, o sudoeste da França.”

Mesmo vivendo há tanto tempo no país, ela ainda se surpreende com as tradições de fim de ano. “Todo o Natal é preciso ter produtos como foie gras, ostras, frutos do mar, peru… É praticamente uma obrigação comer isso nas ceias”, diz.

Preços das aves não sofrerão aumento

Se serve de consolo para os franceses, algumas espécies, entre elas o peru e o faisão, tradicionais nas ceias de fim de ano na França, não foram atingidas pela gripe aviária. Os produtores garantem que seus preços não aumentarão neste fim de ano.

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