Feira Sial 2016 traz inovações na alimentação sadia em Paris
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A Sial 2016, uma das maiores feiras internacionais de alimentação, ocorre nesta semana perto de Paris com uma equação complexa para resolver: como desenvolver produtos inovadores mas manter a essência “mais natural possível” dos alimentos? O mote da edição se inspira nas mudanças nos hábitos alimentares, principalmente nos países europeus, onde os clientes buscam mais clareza sobre os componentes dos produtos.
Uma série de escândalos abalou a confiança dos consumidores no setor, em especial nos pratos prontos. Vaca louca, carne de cavalo no lugar da de gado, métodos cruéis de produção nos abatedouros e excesso de produtos químicos, inclusive nos alimentos que se dizem orgânicos, são alguns dos abusos que azedaram a relação fabricante-cliente.
Por isso, a palavra de ordem no Sial é transparência. A Ici & Lá, por exemplo, se especializou na pesquisa e desenvolvimento de leguminosas, o ingrediente vedete desta edição, que reflete o interesse crescente por produtos veganos.
“Para responder a essa tendência, nós propomos produtos ricos em leguminosas, para darmos uma alternativa à carne. Trazemos as mesmas riquezas nutricionais da carne, especialmente as proteínas, mas a base de cereais e leguminosas”, afirma Jean-Baptiste Perrier, ao mostrar a linha de pratos prontos congelados, que concorreu ao prêmio Sial Innovation 2016. “A ideia é ter uma qualidade de proteína comparável a de um bife de gado.”
Destaques do Brasil
No hall do Brasil, que conta com mais de 100 marcas, a água de coco Obrigado é um dos destaques. A marca aposta na produção sustentável para se distinguir no mercado.
“Conseguimos fazer uma água 100% natural, sem conservantes e absolutamente nenhum outro produto. Na lista de ingredientes na embalagem, o consumidor só vai encontrar ‘água de coco’. Não tem nem água, nem água de coco reconstituída, como outras marcas”, explica o gerente de marketing Rodnei Guariza. “É o que mais se aproxima do fruto.”
O Brasil aproveita a sua fama internacional de país tropical com frutas exuberantes para capitalizar esse espírito de “quanto mais natural, melhor”. “O cupuaçu, o açaí e a graviola, que são frutas genuinamente brasileiras, têm propriedades de vitaminas e antioxidantes que não se encontram facilmente em outros países do mundo”, ressalta o coordenador de promoção de negócios da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Rafael Prado. “Desta forma, teremos um cereal matinal, como os que são vendidos no mundo inteiro, mas com açaí na sua fórmula. O açaí, considerado um super fruit, está se posicionando muito bem nos Estados Unidos, no Reino Unido, no Japão.”
Efeitos a longo prazo nos negócios brasileiros
Prado destaca que a Sial “tem um papel fundamental” para o agronegócio brasileiro, que responde por quase metade das exportações do país. Na esteira da última edição do evento, em 2014, o Brasil fechou US$ 1,1 bilhão em vendas. A expectativa é aumentar 10% neste ano.
A feira é também a oportunidade para marcas inovadoras se inserirem neste concorrido mercado, onde 50% dos novos nomes desaparecem das prateleiras em três anos. A Brasilidade, desenvolvida pelo francês Karl Strepkoff, tenta a sua chance – são coquetéis prontos à base de cerveja ou energético.
“O primeiro produto que vai entrar no mercado é o energético versão limão e menta, equivalente a um mojito. Já fizemos muitas degustações dos produtos com brasileiros e eles gostaram muito da cerveja com caipinha, que chamamos de cerpirinha”, comenta Strepkoff, um apaixonado pelo país.
O setor de bebidas costuma ser um dos mais inovadores da alimentação. Uma espiada no vasto hall dos franceses permite provar cerveja artesanal sem glúten e as pérolas de prazer, a serem depositadas no fundo de uma taça de champagne. Graças à delicadeza da gastronomia molecular, as bolinhas de chocolate fino sobem à superfície, como as bolhas da bebida.
“São pequenas pérolas, que se parecem com ovinhos como o caviar”, diz o vendedor Jean-Philippe Endelin, da Territoires Chocolats. “Podemos colocar dentro do champagne, por exemplo, nas versões chocolate branco, ao leite ou negro. As bolhas de champagne exaltam o gosto do chocolate e essas pérolas estouram na boca. É muito prazeroso.”
A feira tem mais de 2,2 mil expositores dos cinco continentes. O evento, que termina em 20 de outubro, se repete a cada dois anos.
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