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Radar econômico

Setor de pets tem expansão mundial, e Brasil tem foco nos cuidados estéticos

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Na Europa, são as comidinhas orgânicas, preparadas por chefs e até menu especial para as festas ou datas comemorativas que fazem a alegria dos animais de estimação. Já no Brasil, os donos preferem mimar os bichinhos com banhos, tosas e acessórios. Nos últimos anos, o setor de pet shops registra uma expansão mundial contínua e é poupado até diante das dificuldades econômicas.

Cachorro se delicia com cereal especializado.
Cachorro se delicia com cereal especializado. CroquetteLand
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Uma prova da consolidação deste mercado é que, na semana passada, a rede britânica Pets at Home passou a ser cotada na bolsa de valores de Londres, depois de se consolidar com 370 pontos de venda no Reino Unido e planejar chegar a 500 nos próximos meses. Brinquedos, roupas e produtos de beleza atraem cada vez mais interesse, mas é pela boca que os europeus gostam mesmo de agradar os seus cães e gatos. Na França, os gastos com a alimentação de animais de estimação foram de 4,1 bilhões de euros em 2013, com um crescimento anual de até 2,7% nos últimos cinco anos, conforme um estudo da consultoria Euromonitor.

Em um país cuja gastronomia foi decretada patrimônio cultural da Humanidade, a qualidade da alimentação dos animais também não ficou para trás. Para as empresas, a mina de ouro vem da inovação, com produtos como patês a base de salmão e até do tradicional foie gras, elevando o preço do quilo dos alimentos de 1,5 euro para até 5 euros.

“Os donos tratam os animais domésticos como se fossem bebês. Eles preferem cortar em outros gastos do que prejudicar os bichos, e prestam cada vez mais atenção nos ingredientes e na origem dos produtos”, afirma a consultora Paula Flores.

Neste contexto promissor, grandes multinacionais disputam nas casas decimais a liderança mundial. Atualmente, a americana Mars, dona de marcas como Pedigree, Whyskas e Royal Canin, ocupa o primeiro posto com 23,4% do mercado, seguida pela Nestlé, com a Purina, e 23,1% das vendas. A terceira posição, bastante atrás, fica com a Colgate-Palmolive e sua marca pet Hill’s Science Diet, com 5,3%.

Banho, tosa e acessórios

Já no Brasil, a paixão pelos animais domésticos também é conhecida, mas se manifesta de outra maneira: nos cuidados estéticos. O país é o segundo maior mercado de pet shops do mundo, atrás somente dos americanos. Os dados de 2013 ainda não foram fechados, mas a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) espera que o comércio de pet shops tenha movimentado 15,4 milhões de reais.

“Quando sobra algum dinheiro, o brasileiro investe nos cuidados do animal, como higiene e limpeza e acessórios. É uma característica do próprio brasileiro: mesmo com uma vida simples, gosta de estar sempre limpo. O brasileiro toma dois ou três banhos diários, e isso é levado também para o pet”, comenta o presidente da entidade, José Edson Galvão de França. “Banho e tosa no é um mercado que cresce espantosamente.”

Por enquanto, as vendas de alimentação “gourmet” para os animais registram uma lenta expansão, mas o setor é um dos mercados promissores para os próximos anos. “Com certeza é um mercado com boas perspectivas em razão dos nossos volumes de consumo. Em função da renda do brasileiro, que é menor que a do europeu, ainda é um mercado para as classes A e B”, afirma. “As classes C, D e E, as que mais consomem produtos para pets, ainda precisam evoluir em termos de renda para poder absorver um produto dessa natureza.”

Medicamentos também são nicho a explorar

Luiz Goes, sócio sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza e um dos responsáveis por uma pesquisa sobre o setor, observa que o mercado brasileiro ainda vive a consolidação da compra de alimentação específica para cães e gatos. A expectativa é de que a venda de produtos de maior qualidade se amplie a partir de 2016 ou 2017.

“O que a gente verifica é que as pessoas inicialmente passaram a comprar ração para dar para os seus animais. Até sete anos atrás, a prática era a de dar a mesma alimentação humana”, lembra. “Agora, a gente começa a ter a sofisticação deste mercado, com as rações premium ou super premium. Da mesma forma, existe muito espaço para a área de medicamentos. O brasileiro agora é que começa a atuar de uma maneira mais preventiva, de não só procurar o veterinário quando o animal está com algum problema.”
 

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