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Radar econômico

Para economista, motivações eleitoreiras estão por trás de alta dos juros

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Ao custo de um provável crescimento do PIB menor, o Banco Central aumentou ontem, pela quinta vez no ano, a taxa básica de juros. O índice chega agora a 9,5% ao ano, colocando o Brasil no topo da lista de países com os juros reais mais altos do mundo. Os mercados esperam mais uma elevação até o final de 2013, o que poderia acabar em uma taxa de dois dígitos.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
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O objetivo declarado do governo de conter a alta da inflação. Por trás de tanta determinação estariam as motivações eleitoreiras do governo, na opinião do economista Flávio Fligenspan, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Neste cenário pré-eleitoral, a presidente Dilma Rousseff jamais admitiria começar uma campanha eleitoral com inflação fora da meta. Então o Banco Central fica muito cauteloso e toma a medida que não é mais adequada, o aumento da taxa de juros, para tentar evitar que a inflação passe, nem que seja pouco, dos 6,5% da meta”, comenta.

Fligenspan explica que o modelo de sistema de metas da inflação adotado no Brasil só recorre à alta dos juros como ferramenta para conter a subida dos preços, sem levar em consideração as causas para a elevação. No caso atual, não é a pressão da demanda que provoca a inflação, portanto o aumento dos juros já é visto como abusivo. “O sistema é limitado, porque sempre diz a mesma coisa. O problema é que, como acontece agora, os preços não subiram por uma questão de demanda – que se combate com juros -, mas por uma questão de oferta – principalmente a alta do preço dos alimentos.”

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, observa que o provável impacto da alta de juros no crescimento, já fraco no Brasil em 2013, era conhecido desde o princípio. Entre a inflação baixa e o crescimento mais alto, o Copom (Comitê de Política Monetária) ficou com a primeira opção. “As pessoas querem as duas coisas ao mesmo tempo, mas não tem como ter. O Banco Central vem trabalhando na queda da inflação, o que vai se sentir na metade do ano que vem”, avalia.

Nesta semana, o Fundo Monetário Internacional demonstrou preocupação com o futuro das economias emergentes, em especial com a fuga de capitais que pode acontecer na medida em que as economias desenvolvidas se recuperam da crise. André Perfeito acha que o temor não se aplica no caso do Brasil. “O FMI está vendo problema antigos em lugares onde não tem. O Brasil vai continuar atraindo capitais, ainda mais com um diferencial de juros tão grande”, afirma. Segundo o FMI, a previsão de crescimento brasileiro neste ano é de 2,5%.

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