Acessar o conteúdo principal
Radar econômico

Em difuldades financeiras, Chipre assume presidência da UE

Publicado em:

Na mesma semana em que vai assumir a presidência rotativa da União Europeia, o Chipre é o quinto país europeu a pedir ajuda financeira externa para enfrentar a crise, depois da Irlande, de Portugal, da Grécia e da Espanha. O sistema bancário do pequeno país, a terceira menor economia da zona do euro, se encontra mergulhado em até 5 bilhões de euros em dívidas. Quase 2 bilhões vencem nesta sexta-feira, elevando a pressão para que o país encontre liquidez para salvar o sistema.

Andreas Vgenopoulos, presidente do Banco Popular do Chipre, durante coletiva de imprensa em Atenas, na última sexta-feira.
Andreas Vgenopoulos, presidente do Banco Popular do Chipre, durante coletiva de imprensa em Atenas, na última sexta-feira. GREECE/MARFIN REUTERS/Icon
Publicidade

Por trás da violenta turbulência está a enorme exposição dos bancos cipriotas aos estabelecimentos de uma vizinha problemática, a Grécia. Muitos investidores do Chipre apostaram em títulos gregos e agora se veem em uma situação delicada. A economia do país ainda é bastante dependente do sistema financeiro, mas desde que os juros para os empréstimos subiram em relação ao Chipre, o país não tem mais conseguido participar as transações nos mercados.

Até o momento, as autoridades cipriotas relutavam em pedir ajuda internacional, sobretudo por temerem a aplicação de medidas rigorosas de austeridade, como ocorreu na Grécia. Mas a economista Eleni Iliopulos, do Centro de Economia da Sorbonne, em Paris, explica que o plano de socorro europeu deve ser mais parecido com o que foi concedido à Espanha. "Não estou certa de que lhes aplicariam condições tão severas como na Grécia. Antes de mais nada, se comparamos com a situação do Chipre, a causa principal para os problemas é a capitalização dos bancos, bastante semelhante ao que ocorreu na Espanha, onde as condições empréstimo foram bem menos rigorosas", afirmou.

Uma particularidade da ajuda ao Chipre preocupa os europeus: o país comunista também estaria verificando as condições de empréstimo junto às suas aliadas Rússia e China. Isso já aconteceu no ano passado, quando o Kremlin emprestou 2,5 bilhões de euros aos cipriotas, com taxas bastante atraentes. Porém agora em que o país assume a presidência da União Europeia, enquanto o bloco enfrenta uma de suas piores crises econômicas, a transação não seria bem vista. "Isso passaria uma mensagem muito negativa para os mercados financeiros. Se o Chipre pedisse ajuda aos russos, seria como mostrar que o sistema europeu não é capaz de garantir a solidez de seus membros", disse Iliopolus.

Agnès Bénassy-Quéré, diretora do Centro de Estudos Prospectivos e de Informações Internacionais, na capital francesa, avalia que a presidência do Chipre da comunidade europeia cai em um mau momento, mas não terá maiores consequências na prática. "A presidência cipriota da União Europeia acarreta alguns problemas. Um país em crise que vai precisar de um plano de ajuda vai ter que tomar decisões em relação à Espanha, e também a uma eventual renovação do plano de ajuda de Portugal. Ainda tem o fato de que o Chipre permanece em uma situação política bastante complicada", comentou. "Mas dito isso, esses problemas não são tão graves assim, já que agora temos um presidente da União Europeia, com toda uma equipe, e também o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia, que têm papéis dominantes."

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.