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Conheça os filmes brasileiros premiados no Cinélatino em 2022, o Festival de Cinema de Toulouse

Termina neste domingo (3) a 34ª edição do Cinélatino, o Festival de Cinema de Toulouse, dedicado ao cinema latino-americano na França. A cineasta brasileira Carolina Markowicz, conhecida de festivais como Cannes e Locarno, levou o Prêmio dos Distribuidores Europeus com o filme "Quando minha Vida". Já na competição oficial, o primeiro longa-metragem do diretor pernambucano Fellipe Fernandes, "Rio Doce", recebeu o prêmio do Sindicato Francês da Crítica de Cinema. 

"Fantasma Neon", do diretor brasileiro Leonardo Martinelli, que ganhou o prêmio do público na categoria curta-metragens de ficção e também uma menção especial do júri em Toulouse.
"Fantasma Neon", do diretor brasileiro Leonardo Martinelli, que ganhou o prêmio do público na categoria curta-metragens de ficção e também uma menção especial do júri em Toulouse. © DR
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Márcia Bechara, enviada especial a Toulouse

Ainda entre os brasileiros premiados no Cinélatino 2022 está o curta "Fantasma Neon", uma crônica em ritmo de musical retratando um entregador brasileiro de delivery, uma ficção do diretor Leonardo Martinelli, que ganhou o prêmio do público na categoria curta-metragens de ficção, além de uma menção especial do júri. Fechando a participação brasileira na premiação, o filme "Deus me Livre", de Carlos Henrique de Oliveira e Luis Ansorena Hervés, levou o prêmio Signis na categoria curta-metragem de documentários no Festival de Cinema de Toulouse, no sudoeste da França.

Fora da competição oficial, mas bem conhecida de festivais internacionais, a brasileira Carolina Markowicz venceu dois prêmios na plataforma para profissionais do Cinélatino, a "Cinéma en construction", um sistema criado para incentivar filmes em produção. Markowicz é roteirista e diretora sediada em São Paulo. Ela escreveu e dirigiu seis curtas selecionados em 400 festivais como Cannes, Locarno, Toronto, SXSW ou AFI e já foi premiada mais de 60 vezes. Seu curta-metragem "O órfão" estreou na Quinzena dos Realizadores e ganhou o Queer Palm em Cannes, em 2018. 

Markowicz leva o prêmio dos distribuidores e o prêmio Wip Paradiso [para a pós-produção] para seu primeiro longa-metragem "Quando minha Vida", que retrata "um Brasil onde a violência e o autoritarismo são comuns", onde "uma família camponesa aceita uma oferta de uma organização internacional para esconder um chefe do narcotráfico argentino", um "retrato irônico da naturalização do absurdo."

Cena de "Rio Doce", o primeiro longa-metragem do diretor pernambucano Fellipe Fernandes, premiado no Cinélatino 2022.
Cena de "Rio Doce", o primeiro longa-metragem do diretor pernambucano Fellipe Fernandes, premiado no Cinélatino 2022. © DR

Longa brasileiro de ficção premiado este ano em Toulouse, "Rio Doce" conta a história de um jovem protagonista, negro e do subúrbio de Olinda, que atravessa  a ponte simbólica para os bairros de classe média de Recife, deixando evidente a fratura da desigualdade. Para o diretor Fellipe Fernandes, é chegada a hora de abrir alas para novos corpos e paisagens no cinema nacional. "A gente precisa ouvir outras vozes, ouvir e mergulhar em outras histórias, em outros universos e outras paisagens", disse em entrevista à RFI antes da projeção de seu filme no festival.

Vozes periféricas

Os personagens principais dos filmes brasileiros exibidos este ano no Festival de Cinema de Toulouse são negros, jovens, mulheres, índigenas, mestiços, homossexuais, essencialmente pobres e periféricos, que passaram a vida às margens da sociedade. Mas que nem por isso deixaram de sonhar e projetar o futuro a partir da complexidade de seus próprios dramas pessoais, geralmente subjugados pela vontade dos invasores (no caso de grileiros de terras indígenas), os patrões ou os governos totalitários.

"Desde muito pequeno tenho interesse por contar histórias, via televisão, via novela, que era o que chegava em um primeiro momento, via os filmes que passavam na Globo, e me interessava contar histórias", relembra Fernandes. "Mas, ao mesmo tempo, esse desejo de contar histórias era limitado justamente pela falta de semelhança e reconhecimento da minha realidade naquelas histórias que estavam sendo contadas", explicou o diretor pernambucano.

A juventude latino-americana também esteve em destaque nesta edição do festival, que em 2022 prestou uma homenagem especial ao grande documentarista chileno Patricio Guzmán. Mais empoderados do que a geração de seus pais e menos acomodados com a estrutura clássica das desigualdades sociais, eles aparecem inquietos em produções de diretores como o chileno Rodrigo Litorriaga, a chilena de origem mapuche Claudia Huaiquimilla, a argentina Inés Maria Barrionuevo, ou em "Marte Um", do brasileiro Gabriel Martins.

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