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Festival de Toulouse homenageia cinema chileno e traz sete filmes brasileiros na competição oficial

Diferentes gerações do cinema chileno inauguram nesta sexta-feira (25) a 34ª edição do Cinélatino, o Festival de Cinema de Toulouse, no sudoeste da França. Com forte acento político, o festival presta homenagem ao celebrado documentarista chileno Patricio Guzmán, que apresenta a película "Salvador Allende" (2004) na sessão de abertura, na Cinemateca de Toulouse. A programação conta ainda com sete filmes brasileiros na competição oficial, entre longas e curta-metragens de ficção e documentários.

Cartaz da edição 2022 do Cinélatino, o Festival de Cinema de Toulouse, no sudoeste da França.
Cartaz da edição 2022 do Cinélatino, o Festival de Cinema de Toulouse, no sudoeste da França. © DR
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Márcia Bechara, enviada especial a Toulouse

Depois de O caso Pinochet (2001), Patricio Guzmán mergulha na história de seu país em torno da figura política que encarnava todas as esperanças sociais de sua época, e a quem o mais jovem presidente da história, Gabriel Boric, prestou homenagem especial antes de tomar posse: Salvador Allende.

Visionárias, as palavras de Guzmán em 2004, quando do lançamento do documentário Salvador Allende, possuem uma ressonância particular hoje em dia: "Acho que é uma questão de tempo. Pouco a pouco, a memória será restaurada, a imagem de Allende será reabilitada, a constituição de Pinochet chegará ao fim e uma nova juventude politizada devolverá ao Chile sua maturidade política anterior". Ao que tudo indica, Gabriel Boric e a nova geração de jovens quadros políticos de seu governo, recém-saídos dos protestos nas ruas, seriam a prova dos nove dessa "profecia". 

Fazendo justamente a ponte entre gerações, a edição 2022 do Cinélatino traz, lado a lado de Salvador Allende, de Patricio Guzmán, o filme Francisca, uma juventude chilena, do diretor Rodrigo Litorriaga, um retrato da juventude atual do Chile, essa que contribuiu definitivamente para dar um novo fôlego às lutas sociais que marcaram o país nos últimos anos, pontuando uma ficção filmada em paisagens desérticas, contrastando com áreas urbanas isoladas.

Brasileiros em competição

Do lado brasileiro, o brilho é garantido pelo sotaque mineiro da produtora já veterana de festivais internacionais, a Filmes de Plástico, cujo longa-metragem No Coração do Mundo foi recebido com uma chuva de críticas positivas na França, em 2019. Depois de No Coração e Temporada, o diretor Gabriel Martins traz ao Cinélatino 2022 o filme Marte Um, que concorre na categoria longa-metragem de ficção. Em competição também no Festival de Sundance, nos Estados Unidos, a película acompanha as esperanças e decepções de uma modesta família negra, após a eleição de Bolsonaro, um núcleo familiar cujo filho sonha em participar de uma missão para explorar o planeta Marte.

O Brasil está representado na mesma categoria com o longa Rio Doce, de Fellipe Fernandes, que traz o protagonista Tiago, um trabalhador negro que vive em Rio Doce, nos arredores de Olinda, no nordeste do Brasil. Nos deslocamentos entre o subúrbio da classe trabalhadora de Olinda e a classe média do Recife, o filme mostra o abismo entre dois mundos onde um modelo de família se desintegra.

Na categoria de documentários, Marcos Pimentel traz Pele, com um panorama que joga os holofotes sobre o universo do graffiti, um discurso "silencioso" que revela ideologias e movimentos sociais, com imagens que fazem parte de um panfleto anti-sexista e anti-racista, mostrando "a violência de Estado de Bolsonaro".

Na competição de curta-metragens de ficção, a diretora estreante e atriz veterana ("Bacurau") Karine Teles traz o filme Romance, Leonardo Martinelli mostra Fantasma Neon e o diretor Carlos Segundo exibe Sideral. Na categoria de curta-metragens formato documentários, o Brasil está  representado por Deus me Livre, filme assinado por Carlos Henrique de Oliveira e Luis Ansorena Hervés, que trabalham a ótica dos coveiros durante a pandemia no Brasil.

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