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Jornal francês lembra rivalidade entre Prince e Michael Jackson

A morte do cantor, compositor e multi-instrumentista norte-americano Prince, na quinta-feira (21) aos 57 anos de idade, é o grande destaque da imprensa francesa desta sexta-feira (22). A causa da morte ainda é desconhecida, mas suspeita-se de uma overdose.

Capa do jornal Libération com Prince
Capa do jornal Libération com Prince Reprodução
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O jornal Libération traz na capa uma bela foto em preto e banco do músico, acompanhada apenas dos anos de nascimento, 1958, e morte do gênio do pop.

No especial de seis páginas, a publicação explora o legado de Prince, os múltiplos personagens criados por ele, a rivalidade com Michael Jackson, seu extraordinário talento musical, seu estilo multifacetado e as imagens antológicas.

O texto principal diz que, com as mortes de David Bowie e de Prince, o ano de 2016 acabou enterrando os dois grandes transformistas pop da segunda metade do século 20.

Segundo o artigo, o cantor era a improvável soma dos trinta anos de música anteriores: das exuberâncias de Little Richard ao soul interracial de Sly Stone, do groove cósmico de George Clinton às distorsões ácidas de Jimi Hendrix, passando pelo falsete de Curtis Mayfield e a harmonia açucarada dos Beatles.

Para o autor do texto, o jornalista Guillaume Gendron, Prince tinha no seu DNA o espectro da black music e os fundamentos do rock e, além disso, foi o padrinho do electropop e uma ponte musical entre negros e brancos.

Rivalidade com Michael Jackson

Sobre sua rivalidade com Michael Jackson, o jornal diz que ela tem uma dimensão mitológica e compara o antagonismo dos dois artistas àquele entre a Coca-Cola e a Pepsi. O texto lembra que eles nasceram a apenas três meses de diferença, alimentavam-se das mesmas influências musicais e culturais, compartilhavam a extravagância e chegaram ao topo do sucesso mais ou menos na mesma época.

Em 1982, os clipes de "Billie Jean", de Jackson, e de "Little Red Corvette", de Prince, dominavam a programação da MTV. Em 1983, em um show de James Brown no Beverly Theater de Los Angeles, Jackson foi convidado a subir ao palco. Ele mesmo susurrou no ouvido de Brown que Prince estava na plateia. Então, o padrinho do soul o convidou a subir também. Tudo foi bem, porém, segundo diversas biografias, o cantor de "Thriller" teria adorado o momento, considerando a participação de Prince "horrível", e assistia frequentemente a esse vídeo (abaixo).

Jackson também adorava fazer paródias do filme "Under the Cherry Moon", dirigido por Prince, que ele achava ridículo. Em 1987, o rei do pop pediu que Prince gravasse com ele a faixa "Bad". Ele recusou, classificando a música de "lixo".

A batalha de egos inflados era também uma questão de legitimidade cultural. Prince tinha inveja do sucesso fenomenal de Jackson, enquanto este sonhava com a aura de virtuoso do compositor de "Purple Rain". Prince, o gênio do som, buscava aperfeiçoar a sua música, enquanto Michael Jackson, gênio da imagem, explorava o mundo, gravando clipes no Brasil e na Rússia, e ultrapassava todos os limites da fama.

Fã francês foi a 100 shows de Prince

Já o jornal Le Parisien, que também traz o astro na capa, entrevistou o francês Raphaël, de 43 anos, fã incondicional de Prince, que viu cerca de 100 shows do cantor. O primeiro foi quando o admirador tinha apenas 13 anos, no Zénith de Paris. Ele soube da morte do cantor por um telefonema de um amigo norte-americano.

Capa do jornal "Le Parisien"
Capa do jornal "Le Parisien" Reprodução

Emocionado, Raphaël conta que tem um dos únicos sites de fã que o cantor não pediu para fechar, que existe há 18 anos, e considera que o mundo da música acaba de perder "um artista absolutamente único".

O fã conheceu o ídolo pessoalmente, quando visitou o seu estúdio em Mineápolis, nos Estados Unidos, cidade-natal de Prince. Ele conta que o cantor o recebeu na porta. "Ele fez brincadeiras comigo e me deu um tapinha no ombro, depois disse para seu guarda-costas me deixar entrar", disse. Então, junto com cerca de outros 20 fãs, ele pôde assistir a um ensaio do artista.

Outro grande momento para Raphaël foi quando Prince pediu para ele segurar a sua guitarra por alguns instantes durante um show em Montreux, na Suíça. Quando a pegou de volta, o cantor perguntou, em tom de brincadeira: "Foi você que a sujou assim?", em referência às marcas dos dedos do fã. Raphaël finaliza dizendo: "Prince era uma figura incrível".

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