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Amamentação deve ser mantida em casos de coronavírus?

A rápida propagação da pandemia do novo coronavírus e sua origem recente multiplicam as dúvidas sobre a doença e seus modos de transmissão. Sabe-se que a Covid-19 afeta principalmente pessoas mais velhas e com uma saúde frágil. Os mais jovens, principalmente as crianças e bebês, resistem melhor à doença e são, na maioria das vezes, assintomáticas. Mas as grávidas temem infectar os fetos e as mães que amamentam estão preocupadas com os riscos de transmissão vertical para os recém-nascidos. Especialista ouvida pela RFI aconselha a manutenção da amamentação.

Estudo clínico publicado na The Lancet não detectou a presença do coronavírus no leite materno de mães infectadas.
Estudo clínico publicado na The Lancet não detectou a presença do coronavírus no leite materno de mães infectadas. © Lucia & Rakel
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Como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% dos bebês de menos de seis meses no mundo são amamentadas exclusivamente com leite materno. Os benefícios dessa prática são conhecidos. O leite materno protege os recém-nascidos contra doenças infantis e previne o desenvolvimento de diabetes ou colesterol mais tarde. Mas com as diferentes restrições e medidas de prevenção contra a epidemia as lactantes se perguntam se a amamentação deve ser mantida.

Para tirar essa dúvida, o jornalista Simon Rozé da RFI conversou com Claude Didierjean-Louveau, da associação francesa Leche League, que reúne e ajuda mães que amamentam. O novo coronavírus é muito recente. Ele surgiu em dezembro de 2019, na cidade chinesa de Wuhan. Mas rapidamente, desde janeiro, estudos foram feitos na China para tentar entender a transmissão da grávida para o feto e da lactante para o recém-nascido.

O resultado do estudo foi publicado pela revista científica The Lancet, no dia 13 de março. Ainda é cedo para saber o impacto de grávidas infectadas no primeiro ou no segundo trimestre de gestação. Mas para aquelas que foram contaminadas no terceiro trimestre, os resultados são positivos. “O estudo clínico da Lancet não encontrou a presença do vírus no líquido amniótico, nem no sangue do cordão umbilical”, informa Didierjean-Louveau. “Por enquanto, parece que não há transmissão da mãe para o feto”, diz.

Contaminação no parto

O resultado do estudo sobre a contaminação pelo leite materno também é encorajador. “O vírus não foi encontrado em lactantes infectadas e consideramos que a melhor coisa a fazer é continuar a amamentação”, recomenda a presidente da Leche League. Ela lembra que, de qualquer maneira, essa é a orientação em cada epidemia com um vírus respiratório, como o H1N1, ou da gripe comum.

Até agora, foram registrados casos de transmissão da mãe para o bebê durante o parto. A contaminação também pode acontecer nos cuidados com o recém-nascido, devido à proximidade da mãe ou do pai para alimentá-los, trocar a fralda ou colocar para dormir. Mas nada de pânico! Por enquanto, nenhum dos casos de Covid-19 registrados no mundo em bebês foi grave.

Não se sabe ainda explicar direito por quê, mas as crianças são realmente menos susceptíveis ao vírus que os adultos. O que se observa quando elas são contaminadas é que o desenvolvimento de sintomas como o de uma gripe clássica, como tosse e nariz entupido. Além disso, a maioria não apresenta sintoma nenhum, mas é portadora, justificando a medida de fechamento das creches e escolas para prevenir a propagação da epidemia. O importante, mesmo ao cuidar dos bebês e crianças, é respeitar os gestos básicos de higiene: lavar as mãos, usar máscaras quando contaminados, e deixar beijos e abraços para mais tarde.

 

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