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Saúde em dia

Infectologista brasileira na França esclarece dúvidas sobre epidemia do coronavírus

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Vírus tem de taxa de mortalidade que vem caindo com o avanço da epidemia e sintomas na maior do tempo são benignos, diz a infectologista brasileira Otília Lupi.  O foco deve se concentrar nas medidas de prevenção, em retardar a disseminação, e preparar os hospitais em caso de pandemia, que devem ser capazes de receber e tratar todos os pacientes em estado grave

Conversa no Instagram com a infectologista Otília Lupi esclareceu dúvidas sobre o coronavírus
Conversa no Instagram com a infectologista Otília Lupi esclareceu dúvidas sobre o coronavírus (Foto: divulgação)
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A epidemia do coronavírus, que começou seu declínio na China, deve atingir seu pico na França dentro de 2 ou três semanas. Por enquanto, não há motivo para pânico e o foco da ação governamental está concentrado em impedir a disseminação, desde que teve início a transmissão local: escolas e outros estabelecimentos fechados e cancelamento de eventos que reúnam mais de 5.000 pessoas, como a semi-maratona de Paris por exemplo. A médica brasileira chegou a Paris no dia em que morreu o primeiro paciente vítima do Covid-19, no mês passado, no hospital. Ela veio à França para observar durante alguns meses o trabalho do setor de doenças transmissíveis do hospital parisiense Pitié Salpetrière, no 5° distrito da capital, e conversou com a RFI Brasil sobre o novo vírus.

Ela lembra que o vírus é bastante contagioso, mas sua letalidade é baixa e vem até mesmo diminuindo com o avanço da epidemia. “A pessoa pode pegar através de gotículas de um paciente contaminado que vão atingir olho, nariz e boca, ou inalando em caso de uma tosse próxima. A melhor maneira de se prevenir é lavar as mãos com frequência, álcool gel a 70% e evitar colocar a mão no rosto. Além disso, tomar a vacina contra a gripe lembra”, explica. “A máscara só é útil para quem está doente, tem sintomas e não quer espalhar o vírus no meio ambiente.

A especialista conta que as medidas que parecem drásticas, como o cancelamento da semi-maratona de Paris, ou fechamentos de escolas em regiões atingidas, podem efetivamente conter o vírus e frear sua disseminação, por isso são importantes. Segunda ela, a epidemia deve se instalar nas próximas semanas ou até meses, e interromper a circulação das pessoas é a melhor maneira de controlar a propagação. “Por enquanto não há motivo para pânico”, afirma.

 “A preocupação agora, e isso já está acontecendo, é preparar os hospitais para receber os casos graves, porque eles começam a ficar saturados. Por isso quarentenas de casos sem gravidade já começam a ser tratadas em casa”, diz. Por enquanto, para liberar um paciente positivo, dois testes negativos, com intervalos de 48 horas, confirmam a cura. Se a epidemia mudar de patamar testar todas as pessoas deixa de ser uma estratégia, acrescenta. A doença vai circular e como hoje, com alta taxa de cura, imunizar a população. As medidas preventivas devem ser avaliadas de acordo com a evolução do cenário.

A doença parece atingir principalmente pessoas idosas, com problemas cardíacos e diabéticos, mas asmáticos também correm o risco de desenvolver a forma complicada do coronavírus – uma pneumonia viral. As crianças parecem resistir melhor ao microorganismo e uma das hipóteses é a concomitância das vacinas administradas, que as protegeriam de alguma forma que ainda foi cientificamente provada. Não há tratamento especifico, apenas para aliviar os sintomas. A boa notícia, lembra a médica brasileira, é que não se trata de um vírus totalmente desconhecido, com características parecidas do Sars, que apareceu entre 2002 e 2003 em 28 países e matou 634 pessoas.

Os sintomas do coronavírus, na maior parte dos casos, inclui uma febre baixa ou sensação febril, tosse, dificuldade para respirar e incômodo na garganta. O nariz normalmente não escorre, mas pode existir uma diarreia leve e até uma conjuntivite. O período de incubação em geral não ultrapassa 14 dias. Nos casos menos graves, “o paciente vai se sentir cansado, talvez não vá conseguir ir trabalhar”, mas muitas vezes o estado é parecido com o de outras doenças respiratórias banais, lembra a médica, e pode passar despercebido.  

Brasil pode ser poupado de epidemia grave

A especialista brasileira também disse que ainda não é necessário adiar uma viagem à França que já está marcada, mas se há planos de vir para o pais nos próximos meses é melhor adiar o projeto. A expectativa é de que a epidemia esteja no auge em abril, as temperaturas mais amenas, o sol e o fato das pessoas ficarem mais do lado de fora devem contribuir para diminuir sua disseminação – o vírus, pouco resistente, gosta de frio, umidade, e de pouca exposição. Há também a possibilidade de que a Europa contenha sua expansão e impeça que o Brasil não seja afetado na mesma intensidade.

 

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