Judeus de Manaus e Belém são vítimas de antissemitismo desde início da guerra em Gaza, denuncia jornal francês
O jornal Le Monde desta segunda-feira (11) traz uma reportagem sobre a comunidade judaica de Manaus e Belém, que descobriu o antissemitismo com a guerra na Faixa de Gaza.
Publicado em: Modificado em:
"Tristes trópicos para os judeus da Amazônia" é o título do texto assinado pelo correspondente do Le Monde no Brasil, Bruno Meyerfeld. "Discretos, esses cinco mil sefarditas, cujos ancestrais chegaram de Fez ou Tânger, se sentem hoje abandonados", diz o diário.
A reportagem explica que, diferentemente dos ashkenazi - comunidade judaica dominante do Brasil - os sefarditas da Amazônia são quase integralmente originários do Marrocos. Representando 0,02% entre as 17 milhões de pessoas que habitam na região, a minoria escolheu Manaus ou Belém para viver.
Na capital paraense, Meyerfeld visitou a sinagoga Sha’ar Hashamayim, construída entre 1826 e 1828, considerada a mais antiga do Brasil. O bicentenário local de culto, com cadeiras de jatobá e vitrais verde-amarelos, é tão único que se tornou um ponto turístico para visitantes europeus e israelenses, afirma seu diretor Samuel Gabbay ao Le Monde.
Disraeli Zagury, rabino de outra sinagoga de Belém, a Beit Chabad, observa que, até antes da guerra entre Israel e o grupo Hamas, o antissemitismo era algo desconhecido entre os judeus da Amazônia. "Desde o 7 de outubro, descobrimos a que ponto o mundo está doente", diz, em entrevista ao diário.
Segundo Le Monde, a recente declaração de apoio do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, à população palestina provocou hostilidade contra a comunidade judaica. Para Gabbay, desde então, os judeus da Amazônia veem mensagens de ódio circular nas redes sociais e se sentem abandonados. Na capital paraense, membros da comunidade chegam a ter medo de sair nas ruas, diz o rabino ao jornal.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro