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Bolsonaro demonstra força política sem obter melhora no plano jurídico, diz imprensa francesa

Para a imprensa francesa, o ex-presidente Jair Bolsonaro deu uma demonstração de força e popularidade junto da sua base eleitoral, ao levar milhares de simpatizantes à avenida Paulista, em São Paulo, no domingo. Mas isto não significa que ele se desvencilhou dos problemas judiciais, assinalam jornais e emissoras de TV francesas nesta segunda-feira (26).

Simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro tomaram a avenida Paulista (SP) na tarde de domingo, desta vez sem levar cartazes com ataques ao Judiciário.
Simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro tomaram a avenida Paulista (SP) na tarde de domingo, desta vez sem levar cartazes com ataques ao Judiciário. REUTERS - CARLA CARNIEL
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O correspondente do jornal Le Monde em São Paulo, Bruno Meyerfeld, diz que uma multidão de bolsonaristas de fato atendeu ao apelo do líder de extrema direita, mas a manifestação ficou "longe do entusiasmo das mobilizações anteriores". "O medo de serem presos por convocarem um golpe é real entre esses bolsonaristas, que agora retêm seus ataques contra os odiados juízes do Supremo Tribunal Federal", assinala a reportagem.

Em relação às numerosas bandeiras de Israel vistas na avenida Paulista, o jornal francês explica que os evangélicos de extrema direita são "ferozes defensores do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanhyahu", e ficaram furiosos com as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recentemente comparou a guerra em Gaza ao Holocausto.

Na avaliação do Le Monde, o discurso de Bolsonaro foi "desarticulado e desajeitado". Sobre a supeita de querer dar um golpe, o ex-presidente disse que não houve tanques nas ruas. "O que é um golpe de Estado? Tanques nas ruas, armas, conspirações. Nada disso aconteceu no Brasil”, defendeu "dolorosamente" Jair Bolsonaro, segundo o veículo.

"Pouco inspirado", prossegue o Le Monde, "Bolsonaro chegou a reconhecer publicamente a existência da minuta do golpe, prevendo a instauração de um estado de sítio, antes de acrescentar que a proposta precisaria ser aprovada em votação do Parlamento.

Ganho político sem efeito jurídico

"Bolsonaro demonstrou capacidade de mobilização e resiliência de popularidade junto da base. Politicamente, ele terá, portanto, ganho alguns pontos. Mas no plano jurídico, o assunto está longe de ser resolvido", conclui o Le Monde.

O jornal gratuito 20 Minutos diz que apesar dos escândalos e de Bolsonaro ter sido declarado inelegível no ano passado até 2030, por propagação de desinformação, ele ainda é considerado o líder da oposição e continua adorado por seus seguidores.

Os canais de TV Euronews e BFM lembram que Bolsonaro corre o risco de ser preso pela tentativa de golpe. As emissoras também optam pela estimativa de público de 185 mil pessoas reunidas às 15h na avenida Paulista, segundo cálculo do Monitor do Debate Político, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, enquanto a Secretaria de Segurança Pública contabilizou aproximadamente 600 mil pessoas.

A Euronews cita a avaliação de Carlos Melo, professor de ciência política da Universidade Insper de São Paulo, sobre a mobilização. Ele considera que o evento pró-Bolsonaro não irá melhorar a situação jurídica do ex-presidente.

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