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Em reunião do G20, ministro Mauro Vieira critica gastos militares e paralisia do Conselho da ONU

No discurso de abertura da sessão plenária dos chanceleres do G20, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que as instituições multilaterais não estão devidamente equipadas para lidar com os desafios atuais, como demonstrado pelo que chamou de inaceitável paralisia do Conselho de Segurança das Nações Unidas em relação aos conflitos em curso. Esse estado de inação, segundo ele, implica diretamente em perdas de vidas inocentes.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fala durante a reunião de chanceleres do G20 no Rio de Janeiro,  em 21 de fevereiro de 2024.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fala durante a reunião de chanceleres do G20 no Rio de Janeiro, em 21 de fevereiro de 2024. AFP - MAURO PIMENTEL
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Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio de Janeiro

Mauro Vieira afirmou que, diante do quadro geopolítico atual, o G20 “é hoje, possivelmente, o foro internacional mais importante onde países com visões opostas ainda conseguem se sentar à mesa e ter conversas produtivas, sem necessariamente carregar o peso de posições arraigadas e rígidas que têm impedido avanços em outros foros, como o Conselho de Segurança”.

Diante de uma plateia de ministros das Relações Exteriores das 20 maiores economias do mundo, representantes de outros países e organismos internacionais convidados, Vieira disse que o Brasil está profundamente preocupado com a situação atual no tocante à paz e à segurança internacionais. Ele destacou estimativas que apontam para um número recorde de conflitos em andamento no mundo – mais de 170 –, enquanto as tensões geopolíticas continuam aumentando.

Gastos com armas

O ministro ressaltou que o Brasil não aceita um mundo em que as diferenças são resolvidas pelo uso da força militar. “Uma parcela muito significativa do mundo fez uma opção pela paz e não aceita ser envolvida em conflitos impulsionados por nações estrangeiras. O Brasil rejeita a busca de hegemonias, antigas ou novas. Não é do nosso interesse viver em um mundo fraturado”, salientou.

A reunião plenária começou com atraso de quase meia-hora. O ministro ainda destacou que não é razoável que o mundo ultrapasse – e muito – a marca de US$ 2 trilhões em gastos militares a cada ano. “A título de comparação, os programas de ajuda da Assistência Oficial ao Desenvolvimento permanecem estagnados em torno de US$ 60 bilhões por ano – menos de 3% dos gastos militares. Os desembolsos para combater mudanças climáticas, sob o amparo do Acordo de Paris, mal conseguem alcançar os compromissos de US$ 100 bilhões por ano, portanto menos de 5% dos gastos militares”, disse.

"À medida que o G20 avança nas discussões sobre seu papel diante das tensões internacionais em curso, encorajo todos os países a iniciarem o diálogo reiterando seus compromissos sob a Carta das Nações Unidas e rejeitando publicamente o uso da força, a intimidação, as sanções unilaterais, a espionagem, a manipulação em massa de mídias sociais e quaisquer outras medidas incompatíveis com o espírito e as regras do multilateralismo como meio de lidar com as relações internacionais", destacou.

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