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ONG Repórteres sem Fronteiras denuncia obstáculos ao jornalismo na região amazônica

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou nesta quinta-feira (21) o risco que  jornalistas na região amazônica sofrem durante o exercício da profissão: eles são são vítimas de ameaças, pressões e agressões para evitar a cobertura dos problemas ambientais na região.

Imagem de arquivo mostra a BR-163, ao longo da Floresta Nacional do Tapajós, em Belterra, Pará, em 25/11/2019.
Imagem de arquivo mostra a BR-163, ao longo da Floresta Nacional do Tapajós, em Belterra, Pará, em 25/11/2019. AP - Leo Correa
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Em seu primeiro relatório sobre os desafios jornalísticos na região, a RSF reúne 66 casos de ataques à liberdade de imprensa entre 30 de junho de 2022 e 30 de junho de 2023 nos nove estados da Amazônia Legal: Amazonas, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Tocantins, Amapá e Acre.

Existe uma percepção da parte da equipe que está envolvida na pesquisa de que há uma subnotificação grande”, disse Artur Romeu, diretor do escritório da RSF na América Latina, em entrevista exclusiva à RFI. “Esse cenário de violência contra a imprensa é provavelmente muito mais extenso”.

A isso se aliam os “os obstáculos associados à complexidade da logística da operação, as grandes distâncias, a dificuldade de se locomover em regiões mais isoladas no território, o custo financeiro para poder fazer essas grandes reportagens sobre onde estão ocorrendo essas áreas de desmatamento, de queimadas e de ataques contra a comunidades tradicionais e as desigualdades tecnológicas de acesso à internet, canal de telefonia e as ingerências políticas e econômicas sobre os conteúdos editoriais produzidos por veículos de imprensa na região”, explica Romeu.

"Aqueles que acumulam a terra e os recursos naturais procuram silenciar qualquer voz que denuncie abusos e violações dos direitos humanos e da legislação do meio ambiente", denuncia a ONG em comunicado. "Ameaças, pressões, agressões... Os profissionais da informação da região têm um alvo nas costas", acrescenta o texto.

Dom e Bruno

As dificuldades que os jornalistas enfrentam na região, vital na luta contra as mudança climáticas, ficaram evidentes com os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira.

Os dois desapareceram em 5 de junho de 2022 no Vale do Javari, uma terra indígena no oeste do estado do Amazonas, onde atuam narcotraficantes, garimpeiros ilegais e caçadores.

A polícia atribuiu o crime a pescadores com supostas ligações com uma rede de tráfico de droga. Os acusados confessaram que atiraram nas duas vítimas, esquartejaram os corpos e os esconderam na floresta, onde foram encontrados dez dias depois.

O crime "evidenciou o desafio de garantir a segurança dos jornalistas, que continuam sendo ameaçados na região", afirma a RSF.

Reportagens de denúncia

Segundo a organização, dos 66 ataques registrados em 12 meses, 16 estão diretamente vinculados a reportagens sobre a indústria agrícola, exploração da mineração, os povos indígenas e violações dos direitos humanos.

O relatório também destaca que um terço dos ataques aconteceu antes das eleições presidenciais de outubro de 2022, quando Luiz Inácio Lula da Silva derrotou Jair Bolsonaro.

Durante o governo Bolsonaro, o desmatamento disparou na Amazônia, atesta o documento.

A RSF alerta que as ameaças, adicionadas às pressões políticas e econômicas, "podem levar à autocensura" dos jornalistas na região e, por este motivo, pede a adoção de políticas de prevenção e proteção dos profissionais da imprensa.

"A defesa do jornalismo livre, plural, independente e local na Amazônia deve ser parte integrante das medidas para enfrentar a emergência climática", afirmou o diretor da RSF para a América Latina, Artur Romeu.

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