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Após denúncias, Carrefour diz que 100% da carne que vende no Brasil respeita normas ambientais

O jornal Le Monde desta terça-feira (29) repercute as revelações da rede Repórter Brasil que publicou uma reportagem, na semana passada, afirmando que o Carrefour compra carne originária de fazendas da família Heller, apontada como "a maior desmatadora da Amazônia". O grupo francês indicou ao diário que não comercializa produtos provenientes do desmatamento e que realiza "uma melhora contínua" de sua política ambiental. 

Gado caminha em uma área desmatada perto de Novo Progresso, no estado do Pará, no norte do Brasil, em 15 de setembro de 2009. Foto ilustrativa.
Gado caminha em uma área desmatada perto de Novo Progresso, no estado do Pará, no norte do Brasil, em 15 de setembro de 2009. Foto ilustrativa. AP - Andre Penner
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Segundo levantamento da plataforma jornalística, o Carrefour comercializaria produtos do frigorífico Frialto, abastecido pelas propriedades do pecuarista Bruno Heller, preso no início do mês pela Polícia Federal do Brasil. Em sua matéria, Le Monde lembra que o criador de gado é acusado de ter destruído ilegalmente 6.500 hectares de floresta no Pará, "o dobro da superfície de Bruxelas", destaca a matéria.

"Como isso pôde escapar do controle do Carrefour?", pergunta o diário. Segundo a Repórter Brasil, o gado seria criado em uma das fazendas multadas por atividades ilegais, e depois transferido para duas fazendas da filha de Heller, em conformidade com as normas ambientais. Depois, os bois seriam vendidos para a empresa brasileira Frialto, que abastece o grupo francês. 

Procurado pela reportagem do Le Monde, o Carrefour nega ter adquirido produtos das fazendas mencionadas pela Repórter Brasil. O grupo afirma que dispõe de "um processo de homologação e de rastreamento via satélite" para garantir a conformidade socio-ambiental da aquisição de 100% da carne comercializada em seus supermercados. Também indica que busca "uma melhora contínua" de sua política ambiental, através de um comitê que tem como missão "contribuir para a evolução constante de engajamentos e medidas para a proteção das florestas e conservação da biodiversidade". 

Em entrevista ao jornal, o advogado Sébastien Mabile, especialista em direito ambiental, afirma que, em uma companhia, a responsabilidade em matéria de prevenção de riscos à natureza é da matriz. Segundo ele, desde 2017, a lei francesa obriga que todas as multinacionais do país tomem medidas para prevenir "ataques graves" aos direitos humanos e ao meio ambiente de suas filiais no exterior.

Carne da JBS

O jornal Le Monde sublinha que essa não é a primeira vez que o Carrefour é acusado de comercializar carne originária do desmatamento. No ano passado, a ONG Mighty Earth revelou que, apesar de ter se engajado a parar de comprar produtos vindos das chamadas "zonas críticas" até 2030, o gigante francês da distribuição seguia sendo abastecido pela multinacional brasileira JBS, que adquiria produtos de fazendas que destruíram um território indígena de Rondônia.

Após as revelações da Mighty Earth, o Carrefour se comprometeu a parar de comprar da JBS. No entanto, o diretor da ONG na França, Boris Patentreger, afirma ao Le Monde que os engajamentos não foram cumpridos. "Continuamos atentos e percebemos que o Carrefour seguia vendendo carne desses frigoríficos em seus supermercados no Brasil", diz.

Segundo ele, a pecuária é responsável por 80% do desmatamento da Amazônia, e os esforços da multinacional francês “ainda não estão à altura dos desafios”. 

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