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“Samba de Gringo”, novo disco de Bernardo Fines, canta a saudade do Brasil e celebra a amizade franco-brasileira

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O musicista francês Bernard Fines, que morou 22 anos no Brasil e está de volta a Paris desde 2014, lança seu terceiro álbum, intitulado “Samba de Gringo”, com dez composições próprias, todas em português e em ritmo, é claro, de samba. O show de lançamento acontece no dia 17 de dezembro, no Studio de L’Ermitage, no 19º distrito de Paris.

O cantor e compositor francês Bernard Fines lança disco sobre o Brasil em português.
O cantor e compositor francês Bernard Fines lança disco sobre o Brasil em português. @Jean Pierre Rey
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Dentre suas composições, feitas ao longo dos anos, há uma intitulada “Saudade”, em que ele faz uma “Canção do Exílio” à francesa. Outra canção se chama “Amizade colorida”, em que ele explica como é este tipo de relação e a expressão em si, que os franceses tampouco conhecem. E tem também a faixa que dá nome ao disco, “Samba de Gringo”.

“Faz mais ou menos 25 anos que faço samba. Quando eu cheguei ao Brasil, em 1992, eu tive a oportunidade de aprender violão. Na verdade, no começo foi imposto, porque onde eu morava não tinha luz elétrica, não tinha piano, não tinha teclado – eu era tecladista”, diz ele, que morava em Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, numa vila de pescadores cercada de Mata Atlântica.

“Eu comprei o primeiro violão, as revistas Coro de Cordas, e os pescadores me ensinaram a tocar. Então eu fui aprendendo assim, na beira do mar”, conta, saudoso.

“Para mim, tocar samba e bossa nova era um sonho que estava se realizando. Aí comecei a tocar em bares, fui para Curitiba e entrei no Conservatório de MPB. Foi ótimo para mim”, descreve o músico, que morou também no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Saudade à francesa

“Eu costumo dizer que foi mais difícil voltar para a França depois de 22 anos no Brasil do que chegar ao Brasil vindo da França, porque o povo brasileiro é muito receptivo, tolerante, e muito curioso; quando vê um estrangeiro, a gente é superbem recebido”, relembra.

“A volta para a França foi difícil, porque eu voltei em setembro de 2014 e peguei todo o inverno. E, na região de Paris, que eu amo, o inverno é muito escuro, o dia todo é escuro, então, vindo do Brasil, foi complicado, e isso foi o que me deu a inspiração para criar este samba ‘Saudade’, que é esta coisa que a gente não consegue traduzir de maneira exata em francês.”

O cantor e compositor conta que todos os seus trabalhos têm uma ligação com o Brasil.

“O meu primeiro álbum, ‘Sur le ciel de Paris’, eu fiz com clássicos da música francesa, mas foi o Trio Júlio Bittencourt, do interior de São Paulo, que fez os arranjos, e ficou uma coisa franco-brasileira. No segundo, com este mesmo trio, eu fiz bastantes parcerias com artistas brasileiros, principalmente da música instrumental, também com cantores, como Luiz Melodia, Zeca Baleiro e Nelson Faria, Marvio Ciribelli…”, relata.

Amizade entre a França e o Brasil

“Para todos os artistas que eu tinha a oportunidade de encontrar, no Brasil, eu sempre fazia essa proposta de fazer uma letra em cima de uma música instrumental. Isso foi para o segundo disco, o ‘Muito Merci’, que é uma mistura de jazz, música francesa e brasileira. Tem samba, bossa nova e baião”, conta este francês apaixonado pelo Brasil.

“Este terceiro é totalmente em português, já que agora eu sou brasileiro mesmo”, se diverte. “Eu amo a língua portuguesa do Brasil. Eu costumo dizer que o brasileiro é um português que fala com as mãos, então é uma coisa totalmente extrovertida, acho bem interessante para a música”, diz ele, que fez aulas de português antes de ir ao Brasil, mas foi lá que aprendeu, no dia-a-dia, na vila de pescadores.

“Minha maior vontade hoje é fazer um novo CD falando disso [do momento atual no Brasil], porque é uma coisa grave o que está acontecendo. Meu desejo mais profundo é que o Brasil consiga dar a volta por cima. Tenho muitos amigos que estão muito abalados com isso. Às vezes eu acho minha canção ‘Saudade’ muito leve, mas eu estou bastante aflito com esta situação, que ficou bem séria e bem preocupante”, finaliza.

 

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