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Sucesso de livro “zoando” do jeito baiano de ser surpreende autor

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Já ouviu falar em Ingresia? Este é o nome original que o jornalista Franciel Cruz escolheu para o livro de crônicas que ele escreveu sobre a Bahia e o jeito baiano de ser, com uma análise autocrítica e bem-humorada. A recepção da obra, publicada graças ao financiamento participativo, surpreendeu o autor. Depois de lançamentos em várias cidades brasileiras, o jornalista veio à Europa promover “Ingresia”.

O jornalista e escritor baiano Franciel Cruz nos estúdios da RFI.
O jornalista e escritor baiano Franciel Cruz nos estúdios da RFI. Foto: RFI / Elcio Ramalho
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Ingresia é uma palavra comum no vocabulário regional do sertão baiano. Ela existe no dicionário e significa confusão, balburdia. O título, acrescido do subtítulo: “chibanças e 600 demônhos”, dá o tom da obra de Franciel Cruz. “É uma zoada de feira livre do sertão. Procuro não ser condescendente com a Bahia, porque a Bahia se acha. Se continuar elogiando, vira uma presepada”, brinca o autor em entrevista à RFI.

A descontração e a coloquialidade de Franciel Cruz marcam o estilo de sua escrita. “Eu quis escrever errado, como diria Oswald de Andrade, usar a linguagem certa do povo, a linguagem errada da rua que me atrai e acabou virando um ‘francielismo’”, define o escritor inventando mais um neologismo.

Desconstrução da baianidade

As crônicas propõem uma imersão da Bahia profunda e são uma “declaração de amor crítica” do ponto de vista de quem vive o dia a dia da “cidade provinciana de Salvador, com todas as dores e as delícias de uma província”, ironiza.

O jornalista mora na capital baiana, mas nasceu em Irecê, no interior. Ele se declara um sertanejo, mais áspero e sem o clichê da “malemolência” dos moradores de seu Estado. Franciel não se sente muito confortável com o conceito de baianidade, que normalmente remete a “uma visão do mar, a Caymmi, ao Recôncavo, e, como até brinco muito com Caetano, à vedete de Santo Amaro”. Ele diz que fez um livro anti-baiano, apesar de ser também extremamente baiano.

Essa visão agradou. O livro foi financiando por crowdfunding. Inicialmente, o escritor achava que iria vender no máximo 200 livros, apenas para os amigos. Mas antes mesmo de terminar a escrita, a “vaquinha” feita pela internet em 45 dias superou mais de 400 exemplares vendidos antecipadamente.

“Ingresia já ciscou mais do que uma galinha. Digo que ele vai me arrastando e agora me trouxe a Barcelona e a Paris. (...) Há até uma proposta de tradução para o catalão”, antecipa, rindo, Francinel Cruz.

 

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