O PMDB vai anunciar nesta terça-feira (29) a saída do governo Dilma Rousseff. Um dos ministros do partido já apresentou uma carta à presidente Dilma, anunciando antecipadamente a decisão da legenda, que através dessa decisão também oficializa ser favorável ao Impeachment.
Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília
Não vai ter nem discussão. O PMDB vai apenas aclamar oficialmente a saída do governo nesta terça-feira, sem contagem de votos, para tentar demonstrar unanimidade dentro do partido. Para evitar constrangimentos, nem o vice-presidente Michel Temer nem os ministros do PMDB participarão da reunião do partido hoje, em uma sala da Câmara dos Deputados.
A decisão de fazer apenas uma aclamação foi tomada por Temer e pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que há até alguns dias era um dos poucos peemedebistas de peso a defender o governo Dilma publicamente. A presidente chamou ministros do PMDB para uma conversa em uma última tentativa de convencê-los a ficar, mas eles sinalizaram que não tiveram opção do partido e terão que sair.
Alguns ministros já deixaram antecipadamente o governo, como é o caso ministro do Turismo Henrique Alves, que nem esperou o encontro do Diretório Nacional do PMDB e pediu demissão na véspera. Os outros seis ministros do PMDB também deixarão as pastas, mas terão um prazo até 12 de abril para deixar de vez a cadeira e assim ter uma período de transição. Nem o ministro da Saúde, Marcelo Castro, que em entrevista à RFI disse que ficaria ao lado da presidente Dilma até o fim, conseguiu convencer os correligionários. E avisou a presidente que não tem como ficar no cargo sem o apoio da legenda.
PMDB vai votar a favor do impeachment
A ruptura com o governo mostra que os parlamentares do PMDB vão votar contra a presidente no processo de impeachment. Há algumas exceções como o ministro Marcelo Castro, que vai deixar a pasta, voltar a ser deputado, mas que votará contra a saída da presidente. Segundo o senador do PMDB, Valdir Raupp, o apoio à queda de Dilma tem crescido rápido no partido. Nas suas palavras, se o impeachment passar na Câmara dos Deputados, vai descer morro abaixo e ninguém segura no Senado. Antes a esperança do PT era de que o senado barrasse o impeachment com a ajuda de Renan. Mas hoje já está claro que se a Câmara votar a favor, dificilmente haverá reviravolta do governo na casa vizinha.
Governistas ameaçam Temer se ele assumir presidência
Os governistas tentam o apoio de outros partidos, para que a saída do PMDB não estimule outras legendas da base aliada a deixarem o governo. Mas sabendo que sem o PMDB as contas não fecham, já ameaçam tentar derrubar Michel Temer se ele assumir a Presidência. Porém, o vice-presidente já até discute nomes para assumir ministérios. Foi ventilado que o senador José Serra se filiaria ao PMDB e assumiria o Ministério da Fazenda. Depois o nome de Henrique Meirelles ganhou força para comandar a economia. Ele foi presidente do Banco Central no governo Lula.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro