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Brasil/Greve

Metroviários suspendem greve em São Paulo, mas podem parar na Copa

Os metroviários de São Paulo decidiram suspender até quarta-feira (11) a greve no Metrô. A decisão foi tomada apesar de não ter havido avanço durante a reunião entre sindicalistas e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, no centro de São Paulo.

Assembleia de metroviários de São Paulo nesta segunda-feira 9 de junho de 2014.
Assembleia de metroviários de São Paulo nesta segunda-feira 9 de junho de 2014. REUTERS/Chico Ferreira
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Em uma assembléia na segunda-feira (9), os metroviários decidiram voltar ao trabalho, mas a situação é provisória. Uma nova assembleia no dia 11 decidirá se a categoria voltará a cruzar os braços no dia 12, data da estreia do Brasil na Copa do Mundo.

Os sindicalistas aceitaram o reajuste salarial de 8,7%, mas eles podem retomar a greve caso não consigam negociar o cancelamento das demissões. “Continua a mobilização nas áreas. Vamos fazer a maior assembleia da história da categoria no dia 11. Esse deve ser o desafio do metroviário! Queremos negociar a volta dos metroviários demitidos. Ninguém vai ficar para trás”, informa em comunicado o Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, porém, mantém a postura firme e disse que as demissões serão mantidas. Segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, 42 demissões já foram processadas e outros 13 casos ainda estão em análise.

Repercussão mundial

A greve dos metroviários ganhou destaque na imprensa mundial e abriu as portas para vários comentários sobre os problemas sociais no Brasil. O jornal espanhol El País se contentou em relatar os confrontos entre os grevistas e a polícia em sua edição desta segunda-feira. O diário afirma que os protestos se agravaram e que as forças de ordem estão usando gás lacrimogêneo para conter os manifestantes.

O jornal espanhol faz até os cálculos para os torcedores, caso a greve continue e o trânsito na cidade permaneça bloqueado no dia da abertura do Mundial. “O trajeto entre o centro e o estádio do Itaquerão levará duas horas e meia e custará R$ 150. Em dias normais o mesmo trajeto pode ser feito em 50 minutos por R$ 90”, detalha El País. Mesmo tom do lado do jornal português Público, que explica que, a três dias do início da Copa em São Paulo, “o trânsito nas ruas e a circulação no metrô estão caóticos”.

Já a manchete do jornal The New York Times diz que “as falhas do país estão expostas” e traz uma longa reportagem, com foto dos metroviários grevistas, no qual relata que a polícia dispersou os manifestantes com “golpes de cassetetes em cenas que foram filmadas por smartphone e compartilhadas pelas redes sociais”. O diário norte-americano faz um balanço da situação e explica que a população está dividida, entre os sentimentos de excitação com o início da Copa e de apreensão e apatia.

Violência

O jornal francês Le Monde, que chegou às bancas na tarde desta segunda-feira, aproveitou a ocasião para publicar uma reportagem de página inteira sobre a questão da violência no Brasil. Com chamada na capa, o vespertino explica que o país que recebe a Copa do Mundo é muito mais próspero, mas também é muito mais violento.

O texto traz estatísticas do relatório Mapa da Violência do Instituto Sangari, que afirmam que um em cada 10 assassinatos no mundo é cometido no Brasil, e lembra que 16 das 50 cidades mais violentas do planeta são brasileiras. O correspondente do Le Monde no Brasil, Nicolas Bourcier, também frisa que a lista dos municípios mais perigosos conta com várias capitais que receberão a Copa do Mundo.

O jornalista completa sua análise explicando o funcionamento das instituições ligadas à segurança pública no Brasil e constata a impotência diante do violência que, “ao contrário do que se imagina, não está ligada ao tráfico de drogas ou ao crime organizado, e sim às brigas de família e vizinhos, provocadas pelo álcool, fraudes, roubos, ofensas sexuais ou discriminação”.

Diante desse cenário nada positivo, o correspondente termina seu artigo lembrando, mais uma vez, que os olhos do mundo estão voltados para o Brasil e que o panorama social do país esta cada vez mais perturbado.

 

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