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Discurso de Trump sobre Cuba rompe com reaproximação histórica iniciada por Obama

O presidente Donald Trump denunciou nesta sexta-feira (16), diante da comunidade cubana em Miami, o caráter brutal do regime em Cuba, e prometeu rever o acordo assinado por Barack Obama, que "não ajuda aos cubanos e enriquece o governo". 

Donald Trump anuncia sua política para Cuba em Little Havana, o bairro cubano de Miami, em 16 de junho de 2017
Donald Trump anuncia sua política para Cuba em Little Havana, o bairro cubano de Miami, em 16 de junho de 2017 REUTERS/Joe Skipper
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Donald Trump prometeu redefinir a reaproximação americana com Cuba, iniciada em 2014 por seu antecessor Barack Obama, depois de meio século de tensões. Denunciando com severidade o caráter "brutal" do regime de Havana, ele prometeu um acordo melhor para os Estados Unidos e para a ilha, alegando que o documento assinado por Obama "não ajuda os cubanos e enriquece o governo".

"Agora que sou presidente dos Estados Unidos denunciarei os crimes do regime de Castro", afirmou, destacando os sofrimentos dos cubanos "durante cerca de seis décadas. Sabemos o que acontece e lembramos o que aconteceu", acrescentou, observando que "o regime de Castro enviou armas à Coreia do Norte e incentivou o caos na Venezuela" e argumentando que a liberdade em Cuba e na Venezuela seria melhor para os Estados Unidos.

O presidente anunciou que vai limitar as transações com o poderoso grupo Gaesa, holding do Estado controlada pelas Forças Armadas cubanas, que dominam o setor do turismo, além de endurecer o controle das viagens e a concessão de vistos para Cuba. Os voos comerciais e cruzeiros a Cuba não serão afetados.

Ao lado do anúncio de algumas medidas técnicas, o discurso de Trump marca uma ruptura simbólica com o processo de reaproximação, concretizado pela visita histórica de Barack Obama a Havana, em março de 2016. Obama defendeu uma abertura na relação entre os dois países, congelada desde a revolução de 1959, anunciando "o enterro do último vestígio da Guerra Fria nas Américas".

Mesmo se Donald Trump prometeu "anular um acordo que considera desequilibrado", em nenhum momento a volta das relações diplomáticas foi questionada.

Para os analistas políticos, o presidente enviou sinais bem claros à comunidade cubana da Flórida, anticastrista, que lhe deu um apoio eleitoral precioso. Ele insistiu que a evolução das relações com Cuba vai depender de "progressos reais e mudanças concretas em termos de liberdade política e respeito dos direitos humanos". Ele pediu a libertação de todos os presos políticos da ilha.

Reações negativas

Economistas acham difícil medir o impacto da restrição das viagens sobre o setor turístico cubano, em pleno  boom. Cerca de 300.000 americanos foram à Cuba nos cinco primeiros meses de 2017, um salto de 145% em um ano.

A Câmara do Comércio americana denunciou a iniciativa do presidente, considerando que as novas medidas "limitariam as possibilidades de mudanças positivas na ilha e arriscariam abrir oportunidades para outros países que não compartilham os valores dos Estados Unidos.

O senador democrata Patrick Leahy, que se envolveu profundamente na reaproximação, denunciou "uma volta à política da Guerra Fria" para agradar uma pequena facção de militantes anti-Castro nos Estados Unidos.

 

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