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EUA/eleições

Hillary perde votos e Trump tem chances de vencer as eleições

Se a campanha para a sucessão de Barack Obama nos EUA já estava emocionante, não é exagero dizer que a contagem regressiva das eleições - faltam seis dias para os americanos irem às urnas - ficou dramática.

Hillary Clinton à Sanford, près d'Orlando en Floride, le 1er novembre 2016.
Hillary Clinton à Sanford, près d'Orlando en Floride, le 1er novembre 2016. REUTERS/Brian Snyder
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

Depois que o FBI anunciou a reabertura das investigações dos e-mails trocados por Hillary Clinton de sua conta pessoal quando ela era secretária de Estado, a vantagem da democrata nas pesquisas diminuiu e a base republicana voltou a se mobilizar em torno da candidatura de Donald Trump. Embora Hillary ainda apareça ligeiramente à frente de Trump na média das pesquisas, com uma vantagem de 2,2%, segundo o site especializado Real Clear Politics, a disputa voltou a ficar indefinida.

Hillary ainda lidera com alguma folga na contagem de delegados, por conta do peso dos estados em que está na frente, mas um dos principais especialistas em pesquisas eleitorais nos EUA, Nate Silver, anunciou ontem de noite que as chances de Trump vencerem as eleições já são de 30%, bem maiores do que semanas atrás.

HIllary venceria no colégio eleitoral e Trump no voto direto

O republicano agora é o favorito em dois estados decisivos, a Flórida e a Carolina do Norte, e aparentemente conseguiu interromper o sonho democrata de vencer no Arizona e no Texas. Já se fala até na possibilidade de um revival de 2000, quando Al Gore venceu no voto popular e George W. Bush no colégio eleitoral, que é o que vale na Constituição americana. Só que a probabilidade maior, desta vez, é a de o republicano vencer no voto popular e os democratas na votação indireta.

FBI teria beneficiado republicanos

O FBI acabou se transformando em inusitado protagonista desta campanha eleitoral. Há um entendimento hoje de que o equivalente à Polícia Federal nos EUA beneficiou os republicanos na reta final da campanha.Os democratas não têm a menor dúvida disso. Apesar de ter sido nomeado pelo presidente Obama, o diretor do FBI, James Comey, foi filiado ao Partido Republicano, doou para as campanhas presidenciais de John McCain e Mitt Romney e fez toda sua carreira no Departamento de Justiça durante a era George W. Bush.

Sua decisão de enviar uma carta ao Congresso, no último dia 28, poucos dias antes dos americanos irem às urnas, afirmando que novos e-mails da conta pessoal de Hillary teriam de ser investigados por conta de uma acusação contra o ex-marido da principal assessora da candidata, levou os democratas a denunciarem a interferência da Justiça no processo eleitoral americano.

Ontem à noite o “New York Times” revelou que o mesmo FBI. decidiu não revelar publicamente, em julho, duas investigações, uma contra Trump, centrada nos negócios de seu então chefe de campanha, Paul Manafort, com parceiros suspeitíssimos na Ucrânia, e outra contra Hillary, relacionada a doações também dúbias à Fundação Clinton, justamente por conta da proximidade das eleições. A revelação fez com que, exatamente como no Brasil em relação à Polícia Federal, se multiplicassem queixas contra uma possível motivação política do FBI. ao tornar pública a nova investigação contra Hillary.

Silêncio da candidata democrata

Ontem de noite, na Flórida, Hillary nem tocou na polêmica e voltou a falar sobre os problemas de Trump com as mulheres, as seguidas acusações de abuso sexual feitas contra o republicano e seus ataques preconceituosos a imigrantes, mexicanos, negros e outras minorias. Na Pensilvânia, Trump apareceu sereno, deixou sua metralhadora giratória de lado, prometeu governar com um Estado menor e diminuir o peso dos planos de saúde dos americanos, um dos efeitos colaterais mais danosos aos democratas nestas eleições, fruto da reforma da Saúde realizada pelo governo Obama.

Votos antecipados

Nos EUA, o voto antecipado é cada vez mais prática corrente em vários estados e o fato de muitos eleitores terem votado antes da polêmica do FBI pde ajudar Hillary Clinton. É difícil fazer um raio-x preciso das eleições americanas justamente porque entre 35% e 40% dos eleitores em 37 estados e na capital federal terão votado antes da terça-feira. Como nos EUA, para se votar nas primárias partidárias, o cidadão precisa registrar-se como republicano ou democrata, e, por sua vez, o voto não é obrigatório, é possível saber que lado conseguiu mobilizar mais eleitores este ano.

Para Hillary, as notícias boas vêm da Flórida e de estados com grande número de eleitores de origem latino-americana, como o Novo México, o Colorado e o Arizona. Eleitores hispânicos e mulheres que se identificam como democratas estão batendo recordes de comparecimento entre os que já votaram.

Por outro lado, o republicanos estão bem à frente em dois estados importantes, Ohio e Iowa, e há uma diminuição sensível de eleitores negros, que votaram em peso em Obama em 2008 e em 2012, especialmente na Carolina do Norte, onde a disputa está acirrada. Sem uma presença significativa do eleitorado afro-americano, fica mais complicada uma vitória democrata, não apenas para Hillary, mas também pelo controle do Senado e da Câmara dos Representantes.

 

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