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Guatemala/Eleições

Humorista ligado a militares da ditadura pode se eleger presidente da Guatemala

Com 67,9% das intenções de voto, um humorista sem qualquer experiência administrativa e um slogan à la Tiririca ("por 20 anos, causei risadas; não vou causar choro se for eleito") deve virar presidente da Guatemala no próximo domingo (25).

Jimmy Morales, candidato do FCN, conversa com a imprensa guatemalteca depois do primeiro turno
Jimmy Morales, candidato do FCN, conversa com a imprensa guatemalteca depois do primeiro turno REUTERS/Jorge Dan Lopez
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A liderança de Jimmy Morales, famoso pelo personagem televisivo Neto, um cowboy idiota que quase se vê obrigado a comandar o país, é emblemática da rejeição dos guatemaltecos aos políticos tradicionais. Muito atrás dele no pleito, com 32% das intenções de voto, aparece a ex-primeira dama social-democrata Sandra Torres, que construiu sua popularidade nos meios populares como dirigente dos programas sociais do governo de seu marido Álvaro Colom (2008-2011).

O comediante conservador se apresenta pelo FCN-Nación, um partido criado por militares suspeitos de cometer crimes contra a humanidade durante a guerra civil que devastou o país de 1960 a 1996 e causou mais de 200 mil mortos e desaparecidos - a maioria, descendentes de tribos maias. Os detratores de Sandra Torres, conhecida por seu caráter frio e impassível, a acusam de ter participado da guerrilha durante esse período - o que ela nega.

Presidente preso

O voto de protesto em Morales, que venceu o primeiro turno por 23,9% dos votos contra 19,7% da segunda colocada, causou supresa, mesmo em meio de um ambiente eleitoral já atípico. Depois de meses de manifestações pacíficas contra a corrupção, a deflagração de um escândalo de corrupção causou a queda do presidente Otto Pérez, a poucos dias do primeiro turno.

O ex-general, que esteve no poder desde 2012, foi detido e deve ficar em preso provisoriamente até 21 de dezembro. Então, a Justiça decidirá sobre a abertura de um processo por seu envolvimento em um gigantesco caso de fraude fiscal, revelado pelo Ministério Público em colaboração com uma comissão independente da ONU.

Perez, junto com sua vice Roxana Baldetti, teriam recebido mais de US$ 800 mil em propinas entre maio de 2014 e abril de 2015 para fechar os olhos a US$ 3,8 milhões em sonegação nas alfândegas. A revelação revoltou a Guatemala, um dos países mais violentos do mundo e cuja maior parte da população (53,7%) vive abaixo da linha da pobreza.

Campanha demagógica

Não à toa, o combate à corrupção dominou uma campanha pouco propositiva e de contornos claramente demagógicos. "Nosso primeiro princípio é a tolerância zero contra a corrupção, um flagelo que impede que a Guatemala se estabeleça como nação", clamou Jimmy Morales. Do lado de Torres, o discurso é que "a corrupção é sem dúvida a maior ameaça contra um governo que busca o bem-estar de seus cidadãos".

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