Assassinato de adolescente causa indignação e acirra tensão na Venezuela
O assassinato do estudante Kluiver Roa, de 14 anos, na tarde desta terça-feira (24) gerou forte indignação em toda a Venezuela. De acordo com informações não oficiais, Roa estava saindo do colégio quando levou um tiro na cabeça ao passar por um confronto entre membros da Polícia Nacional Bolivariana e manifestantes.
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Por Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas
O crime aconteceu no Bairro Obreiro, região popular do estado Táchira, que faz fronteira com a Colômbia, onde há semanas parte da população faz protestos quase diários contra o governo do presidente Nicolás Maduro. No bairro onde o adolescente foi morto o clima de tensão era forte. O comércio fechou as portas e algumas pessoas montaram barricadas.
O Movimento Estudantil convocou novas mobilizações para esta quarta-feira (25) contra o assassinato de Roa. No entanto, o grupo preferiu não dar detalhes sobre as futuras ações para evitar represálias.
O crime brutal aconteceu poucas semanas depois da aprovação da Resolução 8610, do Ministério da Defesa, que aprova o uso de armas letais em manifestações. O suposto assassino do estudante, Javier Osias Mora Ortiz, de 23 anos, está à disposição do Ministério Público para ser investigado.
Maduro culpa extrema-direita
O presidente Nicolás Maduro culpou a extrema-direita pelo crime e expressou “condenação pública ao vil assassinato” do estudante. O presidente atacou também a Corte Interamericana de Direitos Humanos, cujo secretário executivo declarou que na Venezuela existem práticas que não são compatíveis com um Estado Democrático de Direito.
O governador do estado Táchira, José Vielma Mora, afirmou que a morte de Kluiver Roa foi um ato isolado. Já os setores da oposição pediram organização em busca de uma mudança para o país, que em breve irá eleger novos deputados para Assembleia Nacional, atualmente de maioria governista.
Crimes contra estudantes
O assassinato de Kluiver Roa integra uma onda de crimes contra estudantes, que começou este mês. Ele seria o sexto a ser morto por armas de fogo. As vítimas anteriores foram assassinadas em estranhas circunstâncias em Táchira, Mérida e também na capital Caracas. Há poucas informações sobre os casos anteriores.
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