México registra quase uma agressão por dia contra a imprensa

O relatório anual da ONG Article 19, divulgado esta semana, constata que as agressões contra a imprensa aumentaram 59% no México em 2013. Esse foi o ano mais violento para os jornalistas do país desde 2007. A organização chama a atenção para o fato de que a tendência coincide com a chegada ao poder do presidente Enrique Peña Nieto.

O presidente Enrique Peña Nieto prometeu, sem sucesso, combater as agressões contra a imprensa. ©Reuters.

De acordo com a ONG baseada em Londres, o ano de 2013 “registrou um total de 330 agressões de todos os tipos contra jornalistas, funcionários da imprensa e instalações que acolhem órgãos de comunicação no México”. No ano anterior, 207 ocorrências do gênero foram constatadas.

Segundo o relatório, das agressões contra jornalistas registradas no ano passado, 60 ocorreram durante manifestações de rua. A Cidade do México lidera o ranking de atos violentos contra a imprensa, com 47 ocorrências, seguida do Estado de Veracruz, com 43 casos e a região do Chiapas, com 31.

A organização acusa as autoridades no poder de serem responsáveis por parte dessa triste estatística. O presidente Enrique Peña Nieto, que assumiu o poder em dezembro de 2012, se comprometeu, sem sucesso, a combater os crimes contra a imprensa. Segundo Article 19, cerca de 60% dos atos violentos contra a imprensa teriam sido cometidos por funcionários federais ou das instâncias regionais.

O México se tornou o país mais perigoso do mundo para jornalistas. Desde o ano 2000, pelo menos 87 profissionais foram assassinados. Na maioria dos casos, os culpados não foram punidos.

O relatório da Article 19 é divulgado logo após uma agressão contra o diretor da organização no país, Dario Ramirez, que teve sua casa invadida e computadores e documentos de trabalho roubados. A representante da ONG Repórteres sem Fronteiras no México, Balbina Flores, também recebeu várias ameaças recentemente por telefone e teve de ser colocada sob a proteção das autoridades.