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Uruguai/Cúpula

Espionagem e Snowden encobrem os problemas do Mercosul

Ainda sem solução para o regresso do Paraguai ao bloco e para as barreiras argentinas ao comércio, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) debate questões políticas mais do que de mercado. Tanto a situação de Edward Snowden, o ex-espião da CIA, como a rede de espionagem sobre países latino-americanos que ele denunciou estão em pleno debate nesta reunião de cúpula. O Mercosul vai emitir um duro repúdio à espionagem dos Estados Unidos. 

O ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota durante a reunião de cúpula do Mercosul, em Montevidéu.
O ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota durante a reunião de cúpula do Mercosul, em Montevidéu. REUTERS/Andres Stapff
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De Montevidéu, Márcio Resende

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse em Montevidéu que os países do Mercosul estão discutindo os termos da concessão de asilo do ex-analista da CIA Edward Snowden. O chanceler Patriota deu a entender que pode haver uma decisão de asilo a Snowden nas próximas horas. "É possível que haja uma decisão à parte, paralela, sobre a questão do asilo e nós estamos nos coordenados sobre os termos dessa decisão", indica. A presidente Dilma Rousseff chegou ontem à noite a Montevidéu e participa hoje das discussões com os chefes de Estado do bloco.

Segundo Patriota, "há um consenso regional em repudiar tais atos e em buscar formas de fazer com que os Estados tenham uma segurança cibernética efetiva, que a soberania dos Estados seja respeitada e também que o direito dos cidadãos à privacidade também seja honrado". "Essa decisão deverá identificar formas de colaboração e de ação conjunta no sistema das Nações Unidas. Vamos acionar o sistema multilateral", aponta. "A reivindicação de muitos países por uma governança multilateral da Internet − que tem enfrentado objeções significativas dos países desenvolvidos − poderá sofrer mudanças com essas denúncias", acredita.

O terceiro assunto ainda relacionado com Snowden que será repudiado é o incidente diplomático que envolveu o presidente da Bolívia, Evo Morales, há 10 dias, quando foi proibido de sobrevoar o espaço aéreo de Portugal, Espanha, Itália e França. "É um fato inusitado, sem precedentes e preocupante. Unanimemente inaceitável", afirma.

O chanceler venezuelano, Elias Jaua, afirmou que o país ainda não recebeu uma resposta de Snowden sobre a oferta de asilo político de Caracas, feita no último sábado. O americano, que está bloqueado no aeroporto de Moscou pediu, nesta sexta-feira, para falar com seus advogados e defensores dos direitos humanos, como representantes da ong Human Rights Watch (HRW).

Regresso do Paraguai

Os assuntos mais centrais sobre questões do Mercosul, no entanto, vão ficar mesmo para as decisões políticas dos presidentes que se reúnem em plenário a partir da manhã de hoje.

Ainda não será desta vez que o Paraguai vai regressar ao Mercosul, depois de ter sido suspenso há um ano. Para ser reincorporado, o presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, que assume o mandato no dia 15 de agosto, pôs como condição que a Venezuela não assuma a presidência rotativa do Mercosul hoje. Mas o ministro Antonio Patriota negou que esse pedido seja atendido e ainda deixou claro que caberá ao Paraguai se adaptar ao novo Mercosul com a Venezuela.

"Quanto à presidência da Venezuela, será um fato da realidade. A presidência será transferida. A expectativa é de que o Paraguai se adapte a essa nova realidade no mais breve prazo", explica Patriota. "A partir do dia 15, veremos qual é a posição oficial do novo governo paraguaio. Uma coisa é o que ele manifestou como presidente eleito; outra como presidente em pleno exercício das suas funções", diferencia.

Esses pontos serão debatidos pelos presidentes nas próximas horas, além de outro crucial que hoje emperra o Mercosul: o crescente protecionismo argentino. Sobre os assuntos espinhosos com a Argentina, as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner terão uma reunião bilateral paralela à cúpula do Mercosul.

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